As 673 escolas da rede pública abriram as portas ontem para receber 461.599 alunos no primeiro dia letivo de 2018. Apesar de a Secretaria de Educação informar que todas as unidades de ensino funcionaram, em algumas não houve aula.
Foi o caso do Jardim de Infância Lucio Costa, no Guará I, que recebe crianças entre 4 e 5 anos. No ano passado, a escola foi avisada pela regional de ensino da região administrativa que, para este ano, teria aumento no número de estudantes. A quantidade de alunos passaria de 115 para 210. Para adequar a instituição de ensino, a regional teria se proposto a fazer as reformas. Contudo, as obras não foram iniciadas.
Segundo a direção do Jardim de Infância, a Regional de Ensino do Guará orientou, na última quarta-feira, que a escola não recebesse os alunos no primeiro dia do ano letivo. Ontem, a escola foi comunicada que as obras não seriam realizadas. Mesmo sem capacidade para suportar o acréscimo no número de estudantes, a direção decidiu voltar às atividades hoje.
Entretanto, o diretor da Regional de Ensino do Guará, Afrânio de Sousa, garante que o colégio passará por melhorias no decorrer do ano. As aulas não serão paralisadas, e, para amenizar os transtornos, ele ressalta que as reformas no Jardim de Infância podem acontecer, inclusive, em fins de semana.
;De fato, as obras ainda não tiveram início, mas as reformas vão acontecer assim que a Secretaria de Educação contratar uma empresa. Após o início das obras, o prazo de conclusão será de 40 dias. Vamos reformar os banheiros para alunos e para professores, instalar uma nova caixa-d;água e ampliar o depósito de gêneros alimentícios. Além disso, vamos instalar monitores para acompanhar o movimento das crianças perto das obras;, ressaltou.
Outro colégio que também não abriu os portões foi a Escola Classe 59 da Ceilândia. E nessa não há previsão para o reinício das aulas. De acordo com um dos diretores do Sindicato dos Professores (Sinpro/DF), Samuel Fernandes, a instituição deve ser demolida devido às condições de infraestrutura. Os alunos serão transferidos para o Centro de Ensino Médio 4, na mesma cidade, e começarão as aulas na próxima segunda-feira.
;Não é de hoje que essa escola passa por problemas. Tivemos todo o período das férias, mas nenhuma obra foi feita. A qualquer momento, a laje de algumas salas poderia desabar sobre alunos e professores e provocar uma tragédia. Tudo isso reflete na falta de planejamento e investimento na educação;, criticou.
A Secretaria de Educação informou que a Escola Classe 59 passou por vistoria da Defesa Civil e, em razão dos problemas apontados pelos técnicos, as reformass a serem feitas necessitam de definição do orçamento e da licitação. Já no Jardim de Infância Lucio Costa, a pasta afirmou que os reparos nos banheiros e na cantina serão iniciados hoje.
Reclamações
No ano passado, professores do Distrito Federal ficaram 29 dias de greve, reivindicando o pagamento da última parcela do reajuste salarial estabelecido em 2015. O benefício ainda não foi pago, mas esse não é o único problema. ;O nosso auxílio-alimentação está há mais de 1.000 dias atrasado. Além disso, a situação de muitas escolas é precária. Na próxima semana, os transtornos vão surgir com mais clareza;, diz a também diretora do Sinpro/DF Rosilene Corrêa. De acordo com a Secretaria de Educação, não há atraso no pagamento do auxílio-alimentação, porque o auxílio é pago junto com a remuneração no mesmo contracheque.
Abandono
Numa das instituições de ensino mais antigas da cidade, o Elefante Branco, na 908 Sul, os alunos reclamaram das condições que encontraram a escola. Há rachaduras nas paredes e canos com furos.;Os quadros são velhos e tem cadeira quebrada nas salas de aula, sem falar que são desconfortáveis;, reclamou a estudante Sarah Veluma, 15 anos. ;Espero que o Elefante passe por reforma;, disse. A amiga dela Anna Karolina Lourenço também de 15, concorda com a falta de cuidados com a estrutura do colégio. ;Eu nunca tinha vindo aqui e percebi esse aspecto de abandono. O letreiro mesmo é todo apagado;, apontou.
"O nosso auxílio-alimentação está há mais de 1.000 dias atrasado.
Além disso, a situação de muitas escolas é precária;
Rosilene Corrêa, diretora do Simpro/DF
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Número de dias da greve dos professores no ano passado