Jornal Correio Braziliense

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Casa Azul é reinaugurada

Instituição de Samambaia voltada para a inclusão social de crianças e adolescentes havia sido parcialmente destruída por tempestade no ano passado. Reconstrução contou com a ajuda de colaboradores e voluntários, que organizaram captação de recursos

;Não há temporal que destrua nossos sonhos.; A frase, escrita em um painel no fundo da sala de aula, marcou a reinauguração da Casa Azul Felipe Augusto, em Samambaia. A tempestade que devastou parte das instalações do segundo piso, em 19 de outubro de 2016, foi relembrada durante toda a cerimônia, realizada ontem pela manhã. ;Colaboradores, parceiros e amigos se solidarizaram. Criamos estratégias para captação de recursos, com campanhas nas redes sociais. Recebemos pouco mais de R$ 106,5 mil de doações;, disse a fundadora e presidente da instituição, Daise Lourenço Moisés.

O trabalho da Casa Azul é voltado para a formação humana, solidária e cidadã, além de promover melhoria da qualidade de vida e inclusão social para crianças e jovens. Na grade curricular, as artes são disciplinas obrigatórias, com teatro, música (flauta, percussão, orquestra) e dança (balé e hip-hop). No contraturno escolar, os mais de 1,4 mil alunos, de 6 a 24 anos, encaminhados pelo Centro de Referência e Assistência Social de Samambaia e do Riacho Fundo 2, contam com acompanhamento pedagógico, aulas de informática, atividades esportivas e capacitação profissional.

Antes das homenagens, com placas e certificados entregues a quem ajudou a reconstruir a instituição, a orquestra Música do cerrado, composta por 60 alunos do espaço e sob a regência do maestro Rogério Silva, fez uma curta apresentação. No repertório, Asa Branca, Anunciação, Soul Bossa Nova, Aquarela do Brasil e Tema da vitória, emocionaram a plateia. A primeira-dama do GDF, Márcia Rollemberg, fez questão de destacar o trabalho da instituição. ;Essas crianças e adolescentes são uma unanimidade e merecem todo nosso respeito;, afirmou. Também participou da cerimônia de reinauguração a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Kátia Magalhães Arruda, coordenadora do Programa Nacional de Combate ao Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho.

Responsabilidade
Para o educando Matheus Davi Souza Fernandes da Silva, 17 anos, a Casa Azul é uma referência de esperança. ;Aprendi muito nas aulas de informática e pretendo seguir a carreira de engenharia mecatrônica/robótica;, contou. O jovem disse que não teve chance de estudar por dois anos. ;O meu irmão tem uma doença grave (hidrocefalia). Por isso, a minha mãe teve de ficar com ele no hospital em tempo integral e coube a mim cuidar da casa. Voltei para o Centro Educacional 123, de Samambaia, onde estou no primeiro ano do ensino médio, com apoio pedagógico da Casa Azul;, disse.

Henrique Ramos dos Santos, 17, considera a instituição uma oportunidade para o mercado de trabalho. No projeto Aprendiz, ele integra equipe da madeireira Castelo Forte. ;Trabalho como repositor por 4h diárias. Com o salário, ajudo em casa e ainda faço a minha poupança;, afirmou.