Todos os dias, antes de seguir para o trabalho, a auxiliar de serviços gerais Ana Cândida da Conceição de Abreu, 23 anos, precisa deixar as filhas Yasmim, 1 ano e 8 meses, e Sofia, 6 anos, com a mãe dela, Maria das Dores, ou na casa da bisavó, Marinelda. Moradora de Vicente Pires, a jovem mãe controla os cuidados com as filhas por telefone e preocupada, porque, ;muitas vezes, a menor atrapalha um pouco a bisa quando ela precisa ir ao médico, fazer compras de supermercado ou cuidar dos afazeres domésticos;.
A preocupação é com Yasmim. Ela assiste a TV, brinca e dorme, até que a mãe vá buscá-la, no fim da tarde. Ana Cândida preferia que a filha estivesse em uma creche. Assim como ela, 61,8% dos responsáveis por 4,7 milhões de crianças brasileiras com menos de 4 anos gostariam que as crianças estivessem matriculadas.
O dado faz parte do estudo Aspectos dos Cuidados das Crianças de menos de 4 anos de idade. O levantamento inédito, que integra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, do IBGE, aponta as barreiras que a população enfrenta para conseguir cuidar adequadamente das crianças pequenas. Uma vaga em creche é uma das principais demandas.
De acordo com a estimativa da Pnad 2015, há cerca de 10,3 milhões de crianças com menos de 4 anos no país, o que representa 5,1% do total da população. Desse total, 25,6%, ou seja, 2,6 milhões, eram matriculadas em creche ou escola. A maior parte ; 74,4% (7,7 milhões) ;, entretanto, não era matriculada. Desse contingente de crianças de menos de 4 anos de idade não matriculadas em creche ou escola, os responsáveis por elas demonstravam interesse em fazê-lo em 61,8% dos casos, o que corresponde a 4,7 milhões de crianças.
A pesquisa não detalha os motivos das crianças não estarem matriculadas, mas registra que, do percentual de pessoas que preferiam ter os menores de 4 anos em creches, 43,2% dos casos tomaram alguma medida para conseguir a vaga, o que corresponde a 2,1 milhões de crianças.
Interesse
O levantamento de 45 páginas pesquisou 356.904 pessoas e 151.189 unidades domiciliares de todas as unidades da Federação. Desse total, 18.291 eram compostas por crianças com menos de 4 anos. No Distrito Federal, foram visitadas 3.663 residências, totalizando 9.041 pessoas. Das crianças com menos de 4 anos do DF, 81,5% permaneciam de segunda a sexta-feira no mesmo local e com a mesma pessoa. E 73,8% dos responsáveis questionados, que ainda não estavam sendo atendidos por uma creche, tinham interesse em matricular a criança. Desses, 42% tomaram alguma medida para conseguir a vaga.
A Secretaria de Educação do Distrito Federal informa que tem 46 Centros de Educação da Primeira Infância (Cepis) e 59 instituições conveniadas, que mantêm 82 unidades escolares, ou seja, algumas instituições são responsáveis por mais de um estabelecimento. Os Cepis são destinados às crianças até 5 anos. ;Quanto à faixa etária até três anos de idade, cabe esclarecer que o atendimento não é amparado por lei. No entanto, há 21 mil crianças nessa faixa etária que demandam vagas em creches e a pasta está trabalhando para atendê-las no menor tempo possível.;
O tamanho do problema
Maior parte de crianças com menos de 4 anos não frequenta creche
; Universo de crianças brasileiras
com menos de 4 anos:
10,3 milhões
; Representam
5,1%
do total da população
; Desse total,
25,6% (2,6 milhões)
eram matriculadas em creche
ou escola
; A maior parte ;
74,4% (7,7 milhões)
;não era matriculada
; Desse contingente,
61,8%
dos responsáveis gostariam que
as crianças estivessem
matriculadas, o que corresponde a
4,7 milhões.
; Desse total de
4,7 milhões
que não estavam em creche, em
43,2% (2,1 milhões),
os responsáveis tomaram alguma
providência para conseguir vaga.
; No DF,
73,8%
dos responsáveis queriam que as
crianças fossem atendidas por creche
; Desses,
42%
tomaram alguma medida
para conseguir a vaga
Fonte: Aspectos dos Cuidados das Crianças de
menos de 4 anos de idade, Pnad 2015, IBGE