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Construção emergencial de 50 escolas conta com apoio do MEC

Representantes do Ministério da Educação estiveram reunidos na semana passada, em São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, com integrantes de comunidades indígenas, prefeitos, secretários de Educação e do Ministério Público para definir como se dará a construção de escolas na região. Segundo estudo técnico apresentado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), serão construídas emergencialmente 50 unidades no território etnoeducacional (TEE) do Rio Negro.

O projeto é resultado de compromisso assumido pelo ministro Mendonça Filho durante conferência regional, realizada em dezembro do ano passado, também em São Gabriel da Cachoeira. O município (43,8 mil habitantes), com os vizinhos Barcelos (27,5 mil) e Santa Isabel do Rio Negro (23 mil), está localizado em área na qual vivem mais de 60 mil indígenas de 30 povos, que falam 19 línguas.

Para garantir a oferta de educação de qualidade a esses povos, o MEC mantém ações de formação inicial e continuada de professores, produção de material didático específico e apoio político-pedagógico. Além disso, oferece programas de suporte financeiro para construção, reforma e ampliação de escolas.

A questão da estrutura física do ambiente escolar indígena tem preocupado o governo federal. Tanto que o ministro pediu estudo da situação à Secadi e ao FNDE. De acordo com a avaliação, das 3.085 escolas indígenas no país, 913 (30% do total) funcionam de forma improvisada, principalmente na Amazônia Legal ; área que abrange nove estados pertencentes à Bacia amazônica (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte de Mato Grosso e Maranhão). Só o Amazonas registra déficit de 347 unidades escolares. Uma das áreas mais carentes do estado é o território etnoeducacional do Rio Negro.

O território etnoeducacional foi pensado como um espaço de articulação de políticas públicas voltadas para a educação escolar indígena. Tais políticas envolvem, além do MEC, a Fundação Nacional do Índio (Funai), governos estaduais, prefeituras, instituições de educação superior e de educação profissional e organizações sem fins lucrativos. Pelo Decreto n; 6.861, de 27 de maio de 2009, cada território etnoeducacional compreende as terras indígenas, independentemente da divisão político-administrativa do país, mesmo que não contínuas, ocupadas por povos que mantêm relações sociais históricas.

Obstáculos

De acordo com os levantamentos preliminares do MEC, a maior dificuldade para a implantação de prédios escolares na região está nos custos e na complexidade para a execução das obras. As comunidades localizam-se nas cabeceiras de afluentes do Rio Negro, a grandes distâncias das sedes dos municípios.

As obras emergenciais terão início após licitação nacional, a ser coordenada pelo FNDE. A definição das localidades que receberão as novas escolas respeitará as áreas consideradas sagradas em cada comunidade, conforme levantamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O pacto firmado em São Gabriel da Cachoeira detalha, ainda, as responsabilidades no processo de gestão da construção e posterior manutenção das 50 escolas indígenas. O plano de trabalho com atividades e calendário de execução será definido ainda neste semestre.

Portal MEC