Jornal Correio Braziliense

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Racionamento de água atingirá escolas de Brasília

Com a proximidade do retorno das aulas, redes particular e pública tomam medidas para se previnir

O racionamento de água no Distrito Federal, que teve início na segunda-feira (16), também atingirá 685 instuições de ensino público — 561 escolas de ensino fundamental e médio, 42 creches de primeira infância, 59 creches conveniadas e sete centros de educação infantil — e as escolas particulares da capital federal. Os dois ramos apostam na conscientização de alunos e profissionais a fim de poupar água e passar sem dificuldades pelo período.

A rede particular retornará as atividades a partir da próxima segunda-feira (23). O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe/DF), Álvaro Domingues, diz que os colégios não enfrentarão grandes problemas com o racionamento. "A maioria das escolas são de pequeno porte, de 500 a 600 alunos, e a caixa d'água de cada instituição pode suprir a demanda, basta a conscientização de alunos e funcionários", afirma o também presidente do Conselho de Educação do Distrito Federal (CE-DF). Porém, Álvaro se preocupa com as épocas mais secas, tempo em que se sente mais sede e em que não há chuvas para aumentar o volume do Rio Descoberto, principal fonte de abastecimento do DF. "Para garantir, sugiro que as unidades escolares invistam na compra de um reservatório adicional ou maior, que supra as horas de racionamento e até mais", pontua.

Antes de iniciar o ano letivo, o Centro de Criatividade Infantojuvenil (CCI), em Samambaia, orientou os funcionários a economizarem água. “O grupo de limpeza da escola foi orientado a reduzir e não gastar além do necessário. Também fizemos uma vistoria nas caixas d'água para garantir que o funcionamento está normal. Acreditamos que não passaremos dificuldades”, afirma Clayton Braga, diretor do CCI.

 

 

A instituição é dividida em dois lotes. Em um, funciona a parte de educação infantil e o ensino fundamental, com cerca de 1,2 mil alunos, e , no outro, o ensino médio, com 400 estudantes. Caso as duas caixas d'água não sejam suficientes, a escola planeja instalar novos reservatórios. O investimento, porém, será retirado de outros planos previsto para 2017. “Não haverá aumento na mensalidade, então teremos que usar o orçamento de 2017, mudando as rotas de gastos.Por exemplo, se investiríamos na biblioteca, teremos que deixar de lado essa ideia”, pontua.

Escolas públicas

As aulas nas instituições de ensino público retornarão em 16 de fevereiro, e as medidas de prevenção também estão sendo tomadas na rede. O diretor da Coordenação Regional de Ensio do Guará I e II, Afrânio Barros, afirma que o racionamento não afetará as escolas porque todas são equipadas com um reservatório que supre as necessidades, como é o caso do Centro de Ensino Médio 2 do Guará I (GG), que tem uma caixa d'água de 23 mil litros para comportar as necessidades de 1,7 mil alunos, além dos funcionários. "Orientaremos a comunidade escolar — alunos, professores, servidores — a como usar a água. A limpeza do pátio não deve ser com mangueira ou baldes, no máximo passar um pano úmido. Nos corredores, utilizar mais a vassoura do que lavar mesmo. Na cozinha, usar o mínimo possível quando for lavar pratos, talheres e panelas", afirma Afrânio.

As escolas públicas não contarão com o reabastecimento feito com caminhão-pipa pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), como divulgado por alguns veículos de comunicação. A Caesb informou ao Eu, Estudante que só fará o reabastecimento a hospitais e centros de saúde. Em nota, a Secretaria de Estado de Educação (SEE-DF) confirmou a informação. Segundo o órgão, a rede pública foi instruída, em 2016, a poupar água por meio de cartilhas produzidas pelo órgão em julho passado e, agora, a responsabilidade de administração do reservatório de água é de cada diretor. Confira a posição da SEE-DF na íntegra:

 

“Em julho do ano passado, distribuímos uma cartilha que produzimos sobre como cada escola deve agir para preservar água. Todos estão treinados, e, agora, cada diretor deve administrar a caixa d’água de sua escola. Ele deve estar atento para não deixar torneiras pingando, ou vazamentos. Caso a água acabe, não forneceremos caminhão-pipa: esse tipo de serviço está disponível só para escolas em áreas rurais.”

A notícia não agradou a Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), que teme a falta de água. “Não aceitaremos a falta de água nas escolas públicas. As escolas privadas, entendo, podem comprar caminhão-pipa. Agora, como as públicas comprarão? Qual é a prioridade do governo quanto a educação? Isso é uma coisa que está ao alcance do governo fazer!”, exclama Luis Claudio Megiorin, presidente da Aspa-DF. Luis informa que, caso a posição do governo não mude, a instituição poderá tomar medidas judiciais.

Para as próximas semanas, o presidente pretende se reunir com a Secretaria de Estado de Educação para discutir o assunto. “Como se não bastasse ficarmos preocupados com a ameaça de paralisação dos professores no início das aulas, agora vem esta notícia. Além disso, o racionamento no Plano Piloto deve começar logo, e é preciso preparação para que não ocorra essa situação lá também! Não é possível ver uma escola sequer sem água”, diz.

Áreas atingidas


O racionamento de água teve início na última segunda-feira (16) e atingirá Ceilândia, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II, Vicente Pires, Colônia Agrícola Samambaia, Vila São José, Jóquei, Santa Maria, DVO, Sítio do Gama, Pólo JK, Residencial Santa Maria, Gama, Águas Claras, Park Way, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Setor de Postos e Móteis e Metropolitana, Vila Cauhy, Vargem Bonita, Samambaia, Guará I e II, Pólo de Modas, Lúcio Costa, Taguatinga Sul e Norte, Arniqueiras, Concessionárias e Areal. A Caesb afirma que não há previsão para o término do regime.

 

*Estagiária sob supervisão de Ana Sá e Ana Paula Lisboa