Começou nesta segunda-feira (7), em Recife (PE), o VI Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância, promovido pelo Núcleo Ciência pela Infância (NCPI), em parceria com a Funação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Harvard, o Insper e o Hospital Infantil Sabará.
Cerca de 450 pessoas participam do evento que continua até terça-feira (8) com o objetivo de abordar o período de vida de 0 a 6 anos como prioridade, já que os estímulos feitos nessa fase da vida são mais profundos que os implementados em outras faixas etárias e geram efeitos que se perpetuam ao longo de toda a vida.
Assista: interessados podem acompanhar, ao vivo, a programação do simpósio pelo site.
Durante a abertura, o presidente da FMCSV, Eduardo Queiroz, observou que esta é a primeira edição do simpósio realizada fora de São Paulo, com o propósito de espalhar a discussão sobre a temática pelo país. ;O objetivo do NPCI é traduzir ciência para impactar políticas públicas. E a ciência tem mostrado que a prioridade devem ser as famílias e as crianças vulneráveis, pois é nesse grupo que o investimento em desenvolvimento faz mais diferença;, observou.
Dario Guarita Neto, presidente do Conselho de Curadores da FMCSV, citou o Marco Legal da Primeira Infância, o lançamento do filme O começo da vida - que, em seis meses, foi visualizado por mais de 1 milhão de pessoas dentro e fora do Brasil -, e o novo programa do governo federal Criança Feliz como recentes conquistas do país para garantir o desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos. ;Temos 250 milhões de crianças em todo o mundo em situação de risco;, disse, sobre a urgência de ações nesse sentido.
;É com satisfação que os recebo para refletir sobre o futuro do país. Falo sobre o futuro da gente brasileira, da mulher gestante e da criança na fase de desenvolvimento que mais exige cuidados;, declarou Paulo Câmara, governador de Pernambuco. ;Só tem futuro uma sociedade que investe nos recém-nascidos;, completou. O chefe do poder executivo do estado mencionou o programa Mãe Coruja Pernambucana, que envolve 11 secretarias e está prestes a completar uma década, como um exemplo de ação nesse sentido. ;Tratar a primeira infância como prioridade não deve ser conversa, deve ser orçamento;, observou.
[SAIBAMAIS];A abordagem multissetorial é crítica para alcançar avanços no desenvolvimento na primeira infância;, afirmou Gary Darmstadt, reitor adjunto de Saúde Mental e da Criança na Universidade de Stanford. Ao analisar o progresso dos países, o professor do Departamento de Pediatria avaliou que o Brasil tem se saído bem ao superar a exposição ao risco de não promover desenvolvimento integral das crianças ao atuar para erradicar a pobreza extrema, o que afeta fortemente o desenvolvimento das crianças e do país.
;Não fazer nada pelo desenvolvimento da primeira infância tem um preço. Apenas esperar que isso se resolva com o tempo traz prejuízos, e países que não investiram nisso estão pagando mais alto em longo prazo.;
Ele citou educação (educação das mulheres, oportunidade de aprender no início da vida, creche e pré-escola), proteção social (seguro-saúde da família e transferência de renda), proteção infantil (redução do castigo severo e prevenção de maus-tratos infantis) e água (acesso à água limpa, saneamento e higiene) como plataformas pra chegar às famílias e crianças pequenas. ;O investimento nessa fase da vida custa pouco perto do tanto de efeitos que gera.;
*A jornalista viajou a convite da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal