[SAIBAMAIS]O Governo Federal deve anunciar na tarde desta quinta-feira (22) a reforma do ensino médio por meio de medida provisória. Segundo o que o ministro da Educação, Mendonça Filho, vem anunciando em diversas entrevistas, a principal ideia é flexibilizar o aprendizado das disciplinas. Um estudante que quiser fazer física, por exemplo, não aprofundará conhecimentos em matérias como história, geografia, sociologia e filosofia.
;É um debate importante. Com os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2015, que foram péssimos para o ensino médio, houve um clamor muito grande por mudanças. Esses resultados já vem ruins há muito tempo e provam que não dá para continuar do jeito que está mesmo. O problema é que em muitas questões não há consenso. A natureza do ensino médio mais acadêmica ou mais técnica, por exemplo, é diferente em muitos países. E sempre há muita discussão. É muito perigoso fazer as coisas de uma maneira tão atropelada, mas o governo quer mostrar serviço. Eu torço para que dê certo, acontece que é muito arriscado fazer as mudanças dessa maneira;, destacou o professor aposentado da Universidade de Brasília, Pedro Demo.
PhD em sociologia pela Universidade de Saarbrücken (Alemanha), ele dedicou grande parte da vida acadêmica aos estudos de políticas sociais na área de educação. Para Demo, a discussão está indo por um caminho equivocado. ;A questão curricular é sempre um problema importnte, mas não deveria ser o assunto central da discussão. O problema no Brasil é que você tem um aluno que não aprende. Uma das coisas que deveria ser discutida é o professor, que mais uma vez está sendo deixado de fora. Precisamos ouvir os professores, remunerá-los melhor, e, principalmente, prover uma formação melhor. O professor precisa estar na linha de frente da produção científica e aprender bem os conteúdos, porque, se ele não aprende, o aluno também não aprende;, explica.
Entretanto, o assunto da formação dos docentes não deverá receber destaque na MP editada por Michel Temer, assim como não estava no centro dos debates do projeto de lei que trata da reforma do ensino médio na Câmara dos Deputados e vinha sendo discutido desde 2013.