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Estudante vai da dedicação ao hábito de ler e escrever ao pódio

Certas sensações, indescritíveis, influenciam as principais escolhas na vida. Há quem goste de esportes e quem se realize fazendo cálculos ou desenhos. E há quem prefira escrever, como o estudante Carlos Iury Holanda da Silva, de Fortaleza.

Iury cresceu entre os livros da madrinha, formada em letras. Ao se apaixonar pela leitura, encantou-se também pela escrita.

;Eu sempre passeava no mundo da literatura infantil, sempre li grandes clássicos da literatura; então, a leitura e o gosto pela escrita sempre vieram comigo;, diz.

Adepto de todo tipo de leitura, o estudante encarou um novo desafio, que a princípio lhe pareceu só mais uma prova, mas mostrou do que ele é capaz. Sua professora, Maria Helena Mesquita Martins, pediu uma redação, que valeria nota. Mas o real propósito era a Olimpíada da Língua Portuguesa, em 2014. ;Escrever é difícil porque não é uma prova objetiva, na qual vamos marcando questões e, geralmente, tentamos a sorte;, afirma Iury, diante do desafio imposto pela professora. ;O texto tem de ser objetivo, ser claro, por ser único; não há outro igual. É o seu e tem de ser bom.;

O estudante cearense garante ter se dedicado à elaboração do texto e que quase desistiu, diante da rejeição da professora às várias versões produzidas. ;Eu escrevia de novo; pegava a parte de um texto, juntava com outra;, revela. ;Foi uma história louca, até chegar à versão definitiva.;

A última versão do texto de Iury foi escolhida entre dezenas de outras redações, todas com o tema da Olimpíada: O Lugar Onde Vivo. Tal tema inspirou Iury e o fez se posicionar sobre um aspecto polêmico na cidade: a demolição de uma praça histórica. ;Na época em que eu escrevi o texto, havia muitas divisões: a maioria das pessoas queria a demolição; outras, a preservação do monumento histórico;, diz. ;Então, fui para o lado da preservação.;;

Viagem

Após a seleção de seu texto para representar a escola na fase estadual da Olimpíada, o estudante, que por momentos chegou a esquecer a participação na competição, teve de ser alertado pela professora Maria Helena. Só então compreendeu o que poderia acontecer. ;Eu nunca tinha viajado a outro estado, nunca tinha viajado de avião;, lembra. ;Então, quando soube que ao passar de fase na competição caí na real, de que estava participando da Olimpíada da Língua Portuguesa.;

O estudante cearense foi um dos cinco medalhistas de ouro. No entanto, para ele, ser um dos campeões não foi a parte mais importante. ;Nas semifinais, mantive contato com outros alunos, uma experiência profunda; com artigo de opinião, pude debater sobre prós e contras, ter experiência com outros professores renomados, doutores, mestres;, afirma. ;Pude conhecer a língua portuguesa de uma forma que eu jamais imaginaria que eu conheceria.;

De acordo com Iury, a participação nas semifinais foi até melhor em relação à final. ;Porque não é apenas ir a Brasília e esperar o resultado. Participamos de oficinas, debates, contato com outros mestres, doutores, alunos;, salienta. ;Isso me direcionou a escolher o curso de letras.;

Espelho

Enquanto Iury recebia a primeira medalha, sua orientadora, a professora Maria Helena, conquistava a segunda ; a primeira, de prata, ela ganhou em 2012, quando a Escola de Ensino Fundamental e Médio Renato Braga começou a participar da olimpíada.

Maria Helena sabe que tem papel importante no trabalho com os jovens. ;Eu me considero, assim, enquanto professora, uma oportunizadora de conhecimento;, diz. ;O professor ainda exerce um papel fundamental na vida das crianças, adolescentes e jovens do nosso país. Ao mesmo tempo em que o professor é um espelho, abre oportunidades de conhecimento ao interagir com elas.;

Hoje, Iury faz curso de licenciatura em letras na Universidade Federal do Ceará (UFC), onde ingressou por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação. Para o estudante, ter participado da competição foi transformador. ;A olimpíada foi mágica na minha vida.;

A Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro é realizada a cada dois anos, com o tema O Lugar Onde Vivo. Este ano, participam mais de 4,8 mil municípios, com 39,6 mil escolas da rede pública. Em dezembro serão divulgados os medalhistas, jovens que seguiram os passos de Iury.