O ensino de Ciências e o estímulo ao empreendedorismo podem ser importantes agentes de transformação tecnológica, social e ambiental. Isso é o que está provando o professor Márcio Andrade Batista, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), que desenvolve, voluntariamente, um projeto que leva conhecimento científico para alunos do Ensino Médio de escolas públicas de Barra do Garças (MT) em atividades extraclasse.
Ele foi o convidado desta quarta-feira (22) do ciclo de palestras Educação em Debate, promovido pela Frente Parlamentar Mista da Educação, com apoio da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
Engenheiro Químico e mestre em Engenharia, Márcio Andrade Batista desenvolve desde 2011 projetos de sustentabilidade junto a alunos do Ensino Médio de escolas públicas de Barra do Garças, que vem alcançando importantes resultados. Incentivando o empreendedorismo e a inovação, o professor aponta os caminhos para os jovens de como usar o conhecimento para gerar renda para eles e suas famílias.
Batista explica que estimula a curiosidade e a criatividade dos seus alunos para buscar soluções para problemas de sua realidade, usando conhecimentos científicos da grade curricular. ;Um das estratégias do nosso projeto é fazer os alunos interagirem com a sua própria realidade socioambiental;, ensina.
Resultados
Sob a orientação do professor, a aluna Bianca Valeguzki de Oliveira conquistou o terceiro lugar do Prêmio Jovem Cientista de 2012 como estudante do ensino médio. Ela elaborou uma farinha integral enriquecida com Baru ; um fruto do Cerrado ; para atender às necessidades nutricionais de atletas de alto desempenho.
Kemilly Ferreira, outra aluna de Batista, conseguiu usar soro do leite para fabricação de pães e sorvetes. Também já surgiram outras ideias, como uma receita de pão de queijo usando cenouras que iriam ser descartadas, e o uso do talo de buriti como isolante térmico de garrafas de água, substituindo o poliuretano. Os alunos também descobriram como usar esse material, que é muito leve e poroso, como purificador de água.
Reconhecimento
Com seu trabalho, Márcio foi um dos 50 professores selecionados no mundo inteiro, no ano passado, para o Global Teacher Prize (Prêmio Professor Global). Oferecido pela ONG inglesa Varkey Foundation para "um professor excepcional que tenha feito uma contribuição extraordinária para a profissão;, o brasileiro disputou com mais de oito mil inscritos de 148 nações. Foi o primeiro brasileiro a ser indicado para aquele que é considerado o "Nobel da Educação".
Para o presidente da Frente da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR), o trabalho do professor matogrossense deve ser usado como exemplo. ;Iniciativas como a do professor Márcio precisam ser replicadas no Brasil todo. Imaginem o potencial transformador de exemplos como este, quando pensamos nos milhares de mestres, doutores e professores de nossas universidades que poderiam ser envolvidos;, concluiu.