Cerca de 60 estudantes continuam acampados no posto do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) na Rodoviária do Plano Piloto. Eles prometem só saírem do espaço público após todas as reivindicações serem atendidas. A ocupação começou na quinta-feira, quando universitários e alunos do ensino médio decidiram protestar contra as mudanças no sistema do Passe Livre, que apresenta problemas desde o início do ano.
Desde então, segundo uma das organizadoras da manifestação, a universitária Lívia Cairus, os estudantes se revezam para manter o prédio ocupado. Enquanto alguns dormem no local, outros levam alimentos, água e outros donativos para os colegas acampados. Até a noite de ontem, o GDF não havia tomado qualquer providência para retirar os estudantes.
Lívia explica que, no sistema anterior, os estudantes tinham todo o semestre para pedir o benefício. Com o novo regulamento, os universitários passam a ter apenas 30 dias para fazer o requerimento. Além disso, o sistema online, único meio para fazer o cadastro, apresentou uma série de problemas técnicos que impediu o recadastramento, exigido a partir deste ano. ;Tem gente que não tem acesso à internet de qualidade e teve dificuldades com o sistema. Alguns perderam o prazo;, ressalta.
Entre outros problemas, os alunos ressaltam a dificuldade na realização de requerimentos. Cada universitário tem direito a 54 acessos mensais aos ônibus. Alguns deles, no entanto, precisam pegar mais de duas conduções por dia para chegar aos campi. Nesses casos, preenchem formulários e enviam documentos solicitando a extensão do benefício e relatam demora nos retornos.
Estudantes acampados não quiseram se identificar por medo de represálias, mas contaram as dificuldades pelas quais estão passando. Entre as manifestantes há uma mulher de 60 anos, que está dormindo no posto do DFTrans. Ela diz representar os netos e os filhos, também estudantes. ;Somos quatro desempregados em casa. Não temos condição de pagar pelas passagens;, destaca.
Outra estudante, moradora de Taguatinga, chegou a dormir na universidade para não perder aulas. Ela disse ainda que não foi a única e recorrer à medida extrema. ;Alguns alunos correm o risco de reprovar em disciplinas por exceder o limite de faltas. Outros, por estarem se graduando, têm limite de créditos e se reprovarem correm o risco de não se formar;, conta.
Segundo semestre
O diretor-geral do DFTrans, Leo Carlos Cruz, esteve no local para negociar com os estudantes, na sexta-feira. Ele prometeu providências para melhorar o atendimento, mas só no próximo semestre. Ele afirmou ainda, que até amanhã, os estudantes que precisam da extensão do benefício terão os acessos aumentados. Ontem, ninguém do órgão foi encontrado para entrevista. A assessoria de comunicação do DFTrans não retornou as ligações nem as mensagens enviadas pela reportagem.