Jornal Correio Braziliense

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Um drama chamado déficit de atenção

Escolas se mobilizam para amenizar dificuldades de aprendizado dos alunos diagnosticados com o transtorno. Dados da OMS indicam que problema afeta 5% da população


Enquanto todos estão sentados em roda para uma brincadeira, ela só quer ficar em pé e correr. Quando a professora dá uma explicação em sala de aula, ela brinca com o material escolar e conversa com os colegas. Esses são alguns dos comportamentos que uma criança com Transtorno de Déficit de Atenção (TDA) pode apresentar na escola, o que atrapalha seu rendimento e ajuda a criar um estigma de criança mal-educada.

Com o aumento de pesquisas sobre o transtorno, mais crianças têm sido diagnosticadas com TDA. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o transtorno afete 5% da população, ou seja, em uma sala com 40 alunos, dois podem ter o déficit. Diante desse quadro, escolas particulares de São Paulo montaram equipes especializadas para identificar e melhor atender as crianças que possam ter o transtorno.

;Quando o aluno tem um comportamento como esse, a gente passa a investigar para ver se isso acontece em todas as disciplinas, em casa e nas demais atividades que ele pratica. Porque a criança também sofre quando é cobrada a agir como os outros colegas;, diz Carolina Rodrigues, psicóloga do Colégio Humboldt.

Depois da investigação com os profissionais da escola, caso se confirme que a criança tem dificuldade de concentração em várias atividades, o colégio indica aos pais que procurem o diagnóstico de um especialista da área médica. ;Se a criança realmente tiver TDA, a gente pode adotar estratégias para ajudá-la e muitas vezes nem é preciso recorrer à medicação porque encontramos formas de a escola se adaptar às necessidades e às aptidões da criança;, afirma.

Mudanças
A criança, por exemplo, passa por orientações para melhor se organizar, senta em um lugar estratégico da sala (longe de janelas para evitar dispersão, por exemplo) e os professores criam um código para chamar a atenção do aluno. ;É um sinal entre eles para que o aluno tenha consciência de que não está prestando atenção. O docente pode encostar no ombro da criança ou bater discretamente o lápis na carteira.;

No Colégio Mary Ward, quando a criança tem o diagnóstico de TDA, os professores estipulam metas e formas de avaliação de acordo com as habilidades do estudante. ;Não fazemos uma diferenciação com esse aluno, mas entendemos que cada um tem o seu ritmo e forma de aprendizagem. Para que ele tenha o melhor desenvolvimento, fazemos algumas alterações. Por exemplo, colocamos para fazer prova sozinho, em um local sem distração;, conta Adriana Meneguello, coordenadora pedagógica da escola.

No Colégio Bandeirantes, quando os pais autorizam, todos os professores são informados do diagnóstico da criança. ;É preciso ter uma parceria boa entre escola e família. O trabalho que fazemos, de ajudar na organização, concentração, precisa continuar em casa para ter efeito;, diz Silvia Helena Brandão, coordenadora pedagógica.