Você já teve um colega que, de última hora, pediu para acrescentar o nome em um trabalho do qual não participou? Ou aquela pessoa que sempre pede cola em uma prova? Segundo uma pesquisa do centro universitário Unicarioca, atos de corrupção como esses ocorrem com frequência em salas de aula de alunos do ensino médio e superior. A pesquisa entrevistou 1.100 alunos do Rio de Janeiro, com idades entre 16 e 30 anos, e revelou que 71,6% dos estudantes assumiram que já cometeram infrações no ambiente acadêmico, como fazer cópias de textos da internet (68%), solicitar ao professor um resumão das matérias antes da prova (83%), assinar a frequência pelo outro (48%) e colar na prova (69%). Apenas 28,4% garantiram que nunca cometeram nenhum ato irregular no ambiente escolar e universitário.
"Esses dados são preocupantes em todos os níveis de educação, desde o fundamental até o superior. O receio e o questionamento principal que fica detsa pesquisa é se, acostumados a praticar estes atos na escola, os estudantes não chegarão ao mercado de trabalho querendo reproduzir este comportamento. Todas as pessoas que estão à frente de grandes empresas e em cargo importantes para o país foram alunos", afirma o coordenador do Laboratório de Pesquisa da Unicarioca Jalme Pereira.
O número de estudantes que já presenciaram atitudes de corrupção no ambiente acadêmico também surpreende: 81,6% já viram colegas praticarem tais atos. Além disso, as retribuições em nota são uma das motivações dos estudantes para participarem de atividades de estudo ; 24% alegaram estarem preocupados primeiramente com as notas e, apenas 22% com a busca pelo conhecimento. Quase metade dos estudantes (41%) afirmaram estarem preocupados com a formação profissional.
Sobre a percepção de alunos em relação aos professores diante deste tipo de comportamento, 61% acredita que os docentes não verificam este tipo de infração e 11% afirmou que os professores sempre aceitam trabalhos e atitudes deste tipo. "A aprovação por nota existe há muito tempo, o que não significa que seja o melhor método de avaliação. Outros mecanismos, como aprovação por resolução de exercícios e trabalhos já estão sendo testados por instituições. O problema desse mecanismo é o aluno querer estudar para a nota e não para a vida", destaca Jalme Pereira.