;A ideia é comemorar o aniversário da escola e fazer com que as pessoas que já estudaram no Caseb se reencontrem e resgatem histórias e amizades;, explica a diretora do colégio, Angelita Amarante Garcia. Por meio da campanha Caseb no coração de Brasília, Caseb no coração da gente, ela e a vice-diretora, Marinalva Costa Aguiar, trabalham com o apoio da comunidade escolar para revitalizar e resgatar a memória da instituição. Hoje, a instituição tem 37 turmas e cerca de mil alunos matriculados.
Sueli Costa Durães, 52 anos, foi estudante do colégio entre 1978 e 1979. Mais tarde, tornou-se professora e passou a dar aulas de ciências na instituição. Hoje, é coordenadora pedagógica. ;Na minha adolescência, o Caseb era muito famoso e eu fiz de tudo para vir estudar aqui;, conta. Da época de estudante, ela lembra ainda o aconchego que sentia sempre que entrava na escola. ;Um lugar onde fomos amados e queridos, a gente nunca esquece;, afirma. ;Quem estudou no Caseb sempre tem um amor por ele, tem uma história para contar vivida aqui dentro, seja de felicidade, seja de tristeza. O Caseb não passou na vida dos alunos, ele ficou.;
O mesmo sentimento é compartilhado pelos alunos atuais do colégio. ;O Caseb foi a escola em que eu mais gostei de estudar. A gente gosta de levantar cedo e vir para cá;, relata Giulia Perez Petit, 13 anos, aluna do 8; ano do ensino fundamental que estuda na instituição há três anos. O colega dela Ygor Borges de Souza, 13, concorda, e lista os motivos de se identificar tanto com o ambiente escolar: ;Gosto de estudar aqui pelos professores e pelos membros da direção, que são pessoas muito amigáveis. Para os alunos, isso ajuda a interagir mais e se sentir à vontade na escola;. No ano passado, os dois criaram uma página no Facebook para o colégio, que já conta com mais de mil curtidas, e começaram a fazer um jornal interno, espaços onde divulgam eventos e informações importantes aos demais estudantes.
Pioneiro
Entre os 60 primeiros professores selecionados para dar aulas no Caseb, em 1960, por meio de concurso público, estava o engenheiro Kleber Farias Pinto, hoje com 82 anos. Mineiro, natural de Ouro Preto, ele veio para Brasília dois anos antes, com o grupo de 31 profissionais da área selecionados por Israel Pinheiro para ajudar na construção da capital. Kleber era um dos responsáveis por implantar a rede subterrânea de eletricidade de Brasília e, quando soube da oportunidade de dar aulas na comissão que deu origem ao atual Centro de Ensino Fundamental Caseb, fez a prova e foi selecionado (leia Memória). ;Eu fazia as duas coisas: dava aulas de matemática e enterrava os fios na cidade inteira para que ninguém os visse;, relembra.
Para ele, o Caseb é sinônimo de pioneirismo e de inovação. Kleber conta que a criação do colégio teve relação com a concepção do então presidente, Juscelino Kubitschek, de que tudo o que fosse construído na capital recém-inaugurada tinha de ser também novo e criativo. A realização desse objetivo e a construção de um colégio adaptado à renovação do ensino que ocorria na época foram possíveis com o apoio do educador Anísio Teixeira e do diretor executivo do colégio na ocasião, Armando Hildebrand.
;Imagina a importância e o desafio de um professor do interior de Minas Gerais ter à sua disposição a capital da República para criar um novo modo de ensino da matemática;, relata Kleber. Ele e os outros dois docentes da disciplina chegaram a escrever um livro sobre a matemática moderna: Grande Biblioteca Básica Colegial ; Matemática (Editora Peon). Outro fruto dessa nova forma de ensino, segundo o professor, foi a criação da Universidade de Brasília (UnB). ;O primeiro resultado que se teve foi preparar as bases da Universidade de Brasília, que era, na época, uma das mais avançadas do país;, conclui.
Na comemoração dos 55 anos do Caseb, um dos objetivos é trazer a comunidade e ex-alunos, professores e diretores para perto do colégio e convocar todos a se unirem pela revitalização da instituição. A estrutura da escola ainda é a original, da década de 1960. O telhado está em péssimas condições e as salas, cheias de goteiras. A Ala 5, que tem seis salas, está interditada, assim como três laboratórios ; de ciências, de química e de física ;, que a direção está tentando, por meio de parcerias, reformar.
Por meio do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pdaf), foi possível comprar material para pequenas manutenções, como a pintura das paredes, no início deste ano. De acordo com a diretora, Angelita Amarante, o colégio ainda aguarda a aprovação, pelo governo, de um projeto de reforma e a abertura de licitação. A equipe de engenharia da Casa Civil da gestão passada estimou o valor da obra em, aproximadamente, R$ 20 milhões. Segundo a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Educação do DF (SEDF), um plano de obras da rede pública de ensino para o período de 2015 a 2018 está em fase de elaboração, e o Caseb está na lista de escolas contempladas.
Memória
Projeto ousado
A Comissão de Administração do Sistema Educacional do Brasil (Caseb) foi instituída por decreto de 1959, assinado pelo então presidente, Juscelino Kubitschek, e pelo ministro da Educação, Clóvis Salgado, com o objetivo de construir a rede física e manter o sistema de ensino da nova capital. A inauguração ocorreu em 16 de maio e as aulas tiveram início dias depois, em 19 de maio. Os primeiros professores foram selecionados em concurso público aplicado em todo o país. Os alunos eram filhos de parlamentares e de candangos
#eusoucaseb
Os 55 anos do Caseb serão comemorados no colégio,
na 909 Sul, em 16 maio. A festa começará às 10h e irá até as 16h. Estão programadas atividades culturais, feijoada com
samba e a participação de food trucks. Informações e doações com a diretora, Angelita, pelos números 3901-7622 e 9207-7902, e pela página oficial www.facebook.com/www.caseboriginal.