Jornal Correio Braziliense

Ensino_EducacaoBasica

'Batia a cadeira nas crianças sem dó'

Homem que cumpria pena em regime domiciliar invade escola da Estrutural e fere 11 pessoas, entre alunos, professores e vigilante

A hora de lazer no Centro de Ensino Fundamental 1 (CEF 1) da Estrutural se transformou em pânico. Um homem aparentemente alcoolizado invadiu a escola e agrediu oito crianças, duas professoras e um vigilante a cadeiradas. Marivaldo Teixeira da Silva, 33 anos, cumpria pena em regime domiciliar por roubo e tinha passagens por tráfico de drogas e furto. Transtornado, ele atacou as vítimas que aproveitavam o intervalo das aulas, por volta das 16h, no pátio do colégio. Esse é o segundo caso de violência registrado em escolas do Distrito Federal em menos de um mês (leia Memória).

Antes de invadir o CEF 1, Marivaldo tentou entrar em uma casa, na Estrutural, armado com uma faca. Ele atingiu o proprietário da residência, que tentou impedir a ação. Em razão da luta corporal, a vítima teve ferimentos leves nos braços e na mão. Minutos depois, o suspeito correu em direção à escola, na tentativa de escapar dos moradores da região que tentavam agredi-lo. Na portaria principal, o agressor usou uma cadeira para atacar o vigilante. Logo depois, atacou crianças e professoras. Uma das educadoras tentou conter o acusado, mas torceu o pé e teve de ser encaminhada para o Hospital de Base do DF (HBDF).

A estudante do 5; ano Estefane Pereira Santos, 10 anos, recebeu os primeiros socorros em frente ao CEF 1, dentro do carro do Samu. Ela levou uma cadeirada no tornozelo quando brincava com as amigas no pátio. "O homem bateu primeiro em uma das minhas colegas com uma cadeirada na cabeça e, depois, me atingiu. Eu ainda consegui sair correndo. Ele não falava nada, só batia em todo mundo que encontrava pela frente. Foi muito assustador", contou. Naama Vasconcelos Almeida, 9, foi empurrada pelo agressor e torceu o pé. "Ele tinha um rosto fechado e estava muito bravo. Batia a cadeira nas crianças sem dó. A minha reação foi começar a chorar", lamentou.

Mãe de Estefane, a autônoma Maria Rosilene Bezerra dos Santos, 42 anos, recebeu a ligação de uma das funcionárias do colégio e foi ao encontro da filha. "Achei que a tivessem machucado com violência. Imaginei uma tragédia. Na hora, passei mal, fiquei tremendo toda e quase não dei conta de vir até a escola. Só pensava no pior. Essa região precisa de mais segurança", ressaltou.

Um funcionário da limpeza imobilizou o agressor e o amarrou até a chegada da Polícia Militar, que o prendeu em flagrante. A escola tem 1,8 mil alunos, sendo 490 só no período vespertino. Diretora do CEF 1 há dois anos, Roseli de Melo considerou o fato isolado. "O que mais nos choca é o ato violento. O vigilante fica na portaria principal, de entrada e saída dos alunos. Não é suficiente, mas isso não compete a mim. O agressor escolhia as vítimas aleatoriamente e estava com os olhos estalados e vidrados. Não estava em condições normais", destacou. As aulas da noite foram canceladas, e Roseli não assegura que a situação volte ao normal hoje.

O comandante do Batalhão Escolar da PM, tenente-coronel Julio Cesar de Oliveira, conta com um efetivo de 400 policiais para atender 1.190 colégios do DF. No momento da ocorrência, ele confirmou que não havia policiais militares no colégio. Mas garantiu que, hoje, uma dupla fará a segurança do CEF 1. O caso é investigado pela 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul).

Memória
25 de fevereiro de 2015
Diego Henrique Vicente Silva, de 20 anos, foi assassinado com pelo menos três tiros à queima-roupa no pátio do Centro Educacional 6, em Taguatinga. Ele teria começado a discussão com um colega, de 17 anos. A vítima fazia parte da torcida organizada de um time de Brasília e o colega com quem discutiu, de outra. Após a briga, um dos acusados ligou para uma terceira pessoa e, minutos depois, um homem encapuzado entrou na escola e disparou contra Diego.

13 de março de 2014
Dois homens entraram no Centro de Ensino Fundamental 209 de Santa Maria e atiraram contra um estudante de 15 anos. Ele não se feriu com gravidade e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros. A polícia suspeitava de briga de gangues.

28 de fevereiro de 2014
Um adolescente de 14 anos foi baleado no pátio do Centro de Ensino Fundamental Caseb, na Quadra 909 Sul. Dois tiros foram disparados contra o jovem: um atingiu as costas e outro, o muro da escola. A suspeita que o tiroteio ocorreu devido a uma briga entre gangues. A arma usada foi encontrada próximo a escola.

20 de fevereiro de 2013
Uma menina de 13 anos foi ferida por uma bala perdida em frente à escola onde estudava, o Centro de Ensino Fundamental 3 (CEF 3), em Brazlândia. O autor dos tiros passou de bicicleta na rua do colégio e tentou acertar um adolescente de 17 anos que estava numa quadra de esportes. O motivo da agressão seria, segundo a polícia, um acerto de contas entre gangues rivais.