Michel ressalta que o colégio, teoricamente, é um espaço de todos, mas que uma parcela não consegue permanecer no ambiente escolar por não se sentir contemplada na lista de chamada, ou no próprio uso do banheiro. Para ele, o reconhecimento da identidade de gênero é uma forma de garantir, até mesmo, o direito
de ir e vir de transexuais e travestis.
Compromisso
O subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação Educacional da SE-DF, Fábio Pereira de Sousa, afirma que o órgão vai recomendar a todas as escolas do DF, particulares e públicas, que sigam a resolução. ;Reconhecemos a importância dessa resolução, que vem confirmar o compromisso da área educacional com essas pessoas;, completa.
O presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinep), Álvaro Moreira Domingues, diz que a atitude de preservar o direito das pessoas quanto à liberdade sexual ou de gênero é ;louvável;, mas que fatores e hábitos históricos devem ser considerados. ;Estamos analisando a questão sob o ponto de vista da organização de uma escola e devemos avaliar até que ponto isso vai beneficiar as pessoas ou trazer transtornos e até mesmo mais constrangimento;, aponta.
Informação A coordenadora-geral de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais da CNCD/LGBT, Samanda Alves de Freitas, avalia que as resoluções surgem como diretrizes voltadas ao combate da discriminação e que, apesar do caráter não impositivo, são de grande importância para que as pessoas tenham informações necessárias na hora de exigir os seus direitos. ;A legislação para enfrentar a homofobia ainda é um débito que o Congresso tem com a gente, mas a resolução já é uma vanço;, acredita.
Para o estudante de comunicação social da Universidade de Brasília Diego Alves, 22 anos, esse tipo de ação é um instrumento para que a sociedade comece a se adaptar à realidade e a aceitar a dinâmica social. Segundo ele, o Estado tem o dever de proteger a integridade física e moral de todos os cidadãos e isso ainda não acontece. ;É imprescindível que todos nós nos sintamos confortáveis com algo tão básico como ir ao banheiro. Isso precisa estar garantido para todas as pessoas, inclusive às que possuem uma identidade de gênero diferente da identidade civil.;
O estudante de audiovisual da UnB Luiz Mateus Corazolla, 21 anos, enxerga a resolução como uma forma de minimizar o sofrimento de quem convive com o preconceito por não se encaixar no padrão da sociedade. ;Para mim, ainda mais valioso que a questão do banheiro, é o uso do nome social, que é uma coisa muito importante e faz toda a diferença na vida de alguém.; O jovem considera que pessoas preconceituosas poderão incentivar conflitos, mas defende que a resolução seja seguida.
É imprescindível que todos nós nos sintamos confortáveis com algo tão básico como ir ao banheiro. Isso precisa estar garantido para todas as pessoas, inclusive às que possuem uma identidade de gênero diferente da identidade civil;
Diego Alves, 22 anos, aluno de comunicação social da Universidade de Brasília
O que diz a lei
A Resolução de n; 12, publicada no Diário Oficial da União de 12 de março, recomenda que seja garantida a adoção de nome social àqueles cuja identificação civil não reflita adequadamente a identidade de gênero; além do direito ao uso do banheiro e de uniforme, quando houver, de acordo com a identidade de gênero e da inclusão do campo;nome social; em formulários e outros sistemas de informação. Na Resolução de n; 11, publicada no mesmo dia, recomenda-se a criação de campos ;orientação sexual;, ;identidade de gênero; e ;nome social; nos boletins de ocorrência emitidos pelas autoridades policiais no Brasil.