;Em qualquer lugar do mundo a aula de instrumento é feita de maneira individual. Em menos de uma hora, é impossível o aluno aprender em grupo. Não temos salas que comportem essa demanda;, argumenta o professor de contrabaixo Oswaldo Amorim. Ele faz parte de um extenso grupo de professores e alunos que defendem o ensino singular. Na contramão, está a direção da escola que aposta na ;democratização; do ensino. ;Essa é uma forma de atrair mais alunos. A cada 100 pessoas uma vai ter o nível de Tom Jobim, se tiver. E, se formos educar um por um, muitos talentos serão desperdiçados;, justifica o diretor da EMB, Ayrton Macedo Pisco.
O sonho de quem quer ser um músico de excelência corre riscos, segundo os estudantes. Tito de Castro, 20, está na escola há três anos. Aluno de piano erudito, o rapaz tem receio que aprenda menos caso o novo plano seja colocado em prática. ;Não sei até onde a escola vai manter sua excelência de ensino. Os professores são ótimos, os aluno interessados, mas falta contrapartida dos gestores. A estrutura está péssima;, avalia o também estudante de arquitetura.
A falta de professores atinge até mesmo as aula teóricas. Bianca Apresentação, 40 anos, estuda canto erudito e está sem professor há duas semanas. Faltam explicações. ;A gente fica sem aula e a escola não diz nada;, afirma. A professora que estaria em sala foi afastada por licença médica.
A confusão se espalha também pelas coordenações dos cursos. De acordo com a Secretaria de Educação, seriam cerca de 30 docentes empenhados na organização das modalidades. Porém, o deficit de professores não permite a transferência desses profissionais para as salas de aula. Isso porque o professor coordenador tem uma carga horária que não permite lecionar ao mesmo tempo. ;Estamos num momento que temos que aproveitar da melhor forma nosso capital humano;, afirma Pisco.
Sucateada
Sem reformas há mais de 40 anos, a estrutura da instituição pede socorro. Pisos arrancados, infiltração no teto, falta de isolamento acústico, entre outros problemas, lideram a lista de queixas. Para se ter ideia, professores da escola se mobilizaram para repartir uma sala ampla em três ambientes. A modificação foi feita em drywall, não há isolamento acústico. Durante as aulas, é possível ouvir os instrumentos de outra turma. ;Imagina vários instrumentos, ao mesmo tempo, com muitos alunos. Isso vai virar um caos;, aponta a professora de piano Ilke Takada. O colega Davson Souza, instrutor de flauta, concorda. ;Esse tipo de ensino é inadequado, o espaço é inadequado e nem instrumentos para isso temos;, afirma.
Em 2013, houve um ensaio de reforma para a escola. Na época, um projeto independente do arquiteto Pedro Grilo foi encaminhado ao GDF para que avaliasse o trabalho. Destino? Gaveta. ;Até hoje estamos esperando essa reforma. A única alteração por parte do governo na escola foi reparos no auditório e no bloco H;, pondera o professor de contrabaixo Oswaldo Amorim. A direção da escola não se manifestou sobre obras na instituição. Na chuvas de quarta-feira, boa parte dos blocos ficou alagada.