As negociações entre o GDF e os professores ficaram mais tensas depois que o governo, na noite de terça-feira, pediu a ilegalidade da paralisação dos docentes na Justiça. A categoria exige o pagamento integral e à vista dos atrasados. O governo, por sua vez, alega não ter recursos para quitar a dívida de uma só vez e propôs um parcelamento em seis vezes. A proposta não agradou aos educadores, que paralisaram as atividades na segunda-feira, primeiro dia de aula do calendário escolar. Mesmo obrigados pela Justiça a retornar às salas de aula e sob a ameaça de corte de ponto, o GDF vê no remanejamento uma possibilidade de amenizar a tensão.
Na noite de quarta-feira, a equipe econômica identificou que faltariam, pelo menos, R$ 83 milhões para honrar o pagamento dos servidores no quinto dia útil de março. Foi aí que a intenção de remanejar cerca de R$ 140 milhões em recursos distritais não vinculados surgiu. Após o pagamento, o plano do Executivo é utilizar o restante do dinheiro para antecipar o calendário de parcelamento dos benefícios atrasados dos servidores da educação e da saúde e, assim, abrir mão da ARO, que incide juros de 15%, algo em torno de R$ 60 milhões.
Segundo o chefe da Casa Civil, Hélio Doyle, a medida foi tomada diante das dificuldades do governo em encontrar recursos para pagar salários e honrar contratos com fornecedores. O anúncio do remanejamento foi feito ontem pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB); pelo líder do governo na Câmara, Raimundo Ribeiro (PSDB); e pela presidente da Casa, Celina Leão (PDT), que prometeu colocar a matéria em discussão na próxima semana.
Antes estimado em seis repasses mensais, o calendário de pagamento da dívida de R$ 286 milhões com professores e servidores da saúde deve ser quitado, segundo o GDF, até o fim de abril, reduzindo em dois meses o pagamento dos atrasados, que estão sendo corrigidos pela Taxa Referencial (TR). Além do restante dos recursos do remanejamento, o GDF pretende contar com os pagamentos da cota única do IPVA e com um programa de refinanciamento de dívidas, que também deve ser encaminhado à Câmara antes de virar lei. O Executivo local ainda calcula quanto poderá arrecadar com essa operação. Um mutirão de dívidas fiscais também deve ser realizado em março, a fim de aumentar a arrecadação.
;A frustração da receita estimada para janeiro e fevereiro mostra que a situação não está boa; por isso, o remanejamento de recursos. Além de resolver a questão, essa medida vai nos livrar de contrair a ARO, que nos custaria R$ 60 milhões em juros, pois teremos condições de antecipar o pagamento em abril, época em que a antecipação ainda poderia estar sob análise dos órgãos competentes;, explica o secretário da Casa Civil, Hélio Doyle.