Em uma escola do Paranoá, balanças e macas foram montadas para que médicos e estudantes de Medicina examinassem os pequenos pacientes. A diferença é que além dos aspectos físicos de cada criança e adolescente, também foram examinados aspectos sociais, como histórico de uso de álcool e drogas e renda e escolaridade dos pais. Os dados estão reunidos no mesmo protocolo médico.
;Pesquisas com esse perfil são altamente gratificantes, pois permitem a abordagem dos problemas de saúde não apenas no contexto individual, mas também familiar e do grupo;, dizem as professoras da UnB, Lisiane Seguti Ferreira e Amélia Teixeira Trindade, da área de Medicina da Criança e do Adolescente.
O estudante de Medicina Raphael Bastianon, que também participa do projeto, concorda. ;O estudo de temas comuns do ponto de vista médico e social é muito importante. A função do médico não deve se limitar ao reconhecimento e tratamento de doenças, mas principalmente à prevenção;, diz.
A pesquisa
em fase final ; coletou dados clínicos e sociais referentes a dois grupos de alunos ; repetentes e não repetentes.
Na primeira etapa, cerca de 70 estudantes que já haviam repetido de ano foram examinados. Os alunos tinham em média dez anos de idade e a maioria deles havia reprovado na terceira série do ensino fundamental.
Neste grupo, os pesquisadores identificaram problemas de saúde como anemia, hipertensão arterial, insuficiência renal e transtorno de déficit de atenção. Em termos sociais, a pesquisa mostrou que a maioria deles vem de família de baixa renda com pais separados que sofrem de alcoolismo.
Agora, as pesquisadoras estão coletando dados de alunos da mesma escola que nunca foram reprovados. ;Estamos ansiosas para comparar os resultados;, dizem.
A pesquisa faz parte do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) que busca, entre outros objetivos, a integração da UnB com o Sistema Único de Saúde no Distrito Federal.