O envolvimento em confronto com arma de fogo foi testemunhado por 6,7% dos cerca de 110 mil estudantes ouvidos nas escolas públicas e por 4,9% dos de escolas privadas, 30 dia antes da entrevista. Já o confronto com arma branca foi declarado por 7,6% da rede pública e por 6,2% da privada. Os meninos acabam vivenciando mais episódios de brigas do que as meninas.
Na avaliação da pesquisadora em violência na escola, Miriam Abramovay, o número de envolvidos com arma de fogo é ;um escândalo;, se levada em conta a projeção de estudantes na faixa escolar pesquisada: 3,1 milhões. Coordenadora de Políticas para a Juventude da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), ela alerta para a necessidade de campanhas de desarmamento.
;Temos uma juventude armada, muita gente usando arma de fogo, muitas vezes para pequenas desavenças, que não são graves;, explicou. ;Com base em pesquisas que realizei, os jovens diziam que um olhar pode levar à morte e isso é grave;, completou, ao citar dados recentes que mostram o número expressivo de jovens assassinados por armas de fogo.
Na PeNSE, um a cada dez entrevistados disse ter sofrido agressão por um adulto nos últimos 30 dias antes da pesquisa. Nesse tipo de violência, as meninas (11,5%) aparecem como as maiores vítimas, embora o percentual de meninos agredidos chegue a 9,6%. Entre as escolas, a diferença entre pública e privada é pequena, de menos de um ponto percentual.
A pesquisa também mostra que alunos da rede pública relatam mais medo de violência no deslocamento para o colégio e na própria unidade. Nos últimos 30 dias antes da pesquisa, por não se sentirem seguros no caminho, 9,5% dos entrevistados das escolas públicas não frequentaram aulas. Entre os alunos de particulares, o percentual daqueles que deixaram de ir à escola foi 5%.
Ao comentar a comparação entre as escolas, Miriam pondera que os dados podem acabar responsabilizando as unidades públicas, que estão em situação menos favorecida em termos de investimento e do contexto socioeconômico. ;São perfis diferentes;, disse.