Os estereótipos sintetizam uma ideia simples, como explica o diretor da peça, Thomaz Coelho: ;Uma sala de aula tem gente de todo o tipo, convivendo lado a lado e de forma intensa. Por isso, é o lugar certo para se desconstruir preconceitos;. Segundo o diretor do espetáculo, nada melhor do que o teatro para atrair a atenção das crianças e dos adolescentes. ;A peça é muito divertida e mostra um monte de coisa que acontece de verdade na sala de aula;, aprova Israel Oliveira, de 11 anos.
O projeto teatral foi criado no ano passado, e já visitou escolas públicas e particulares de São Sebastião, do Paranoá, de Taguatinga, de Ceilândia, do Plano Piloto e do Lago Norte. O elenco é formado por funcionários da Sejus voluntários na campanha de combate ao bullying nas escolas. Com humor, em menos de meia hora, os personagens e a plateia passam a compreender os prejuízos emocionais e sociais causados às vítimas de preconceito e desrespeito. ;Nós vemos o envolvimento dos alunos e percebemos que o resultado começa a aparecer antes mesmo de a peça terminar;, conta Beth Daniele, servidora da Subsecretaria de Direitos Humanos da Sejus e que interpreta a professora na trama.
Como a EAB atende a alunos de muitas nacionalidades, o desafio lá é manter em equilíbrio a convivência e o relacionamento de tantas culturas distintas num mesmo ambiente. ;Aqui na escola, tem gente muito diferente uma da outra;, percebe a estudante Alana Sullivan, de 12 anos. ;Tem gente que nem conhece o colega, mas o isola só porque ele tem outros hábitos. Isso é ruim;, opina Kéllita Freitas, de 11 anos. A estudante Andressa Souza aprendeu que, quando alguma agressão acontecer, o melhor é procurar um adulto. ;Temos que falar com os nossos pais e pedir para algum professor nos ajudar. Resolver sozinho nem sempre é a melhor solução;, acredita.
Para o subsecretário de Promoção dos Direitos Humanos da Sejus, Todi Moreno, as escolas do DF ainda não estão preparadas para apaziguar os ânimos entre agressores e agredidos no ambiente escolar. A maior dificuldade é identificar e resolver o problema antes que ele agrave. ;Por isso, é importante informar a comunidade escolar. O teatro vem cumprindo essa função, porque proporciona o diálogo entre alunos, pais e professores. Já obtivemos muitas respostas positivas das escolas que visitamos, o que mostra que, em vez de ignorar ou de esconder o problema, o caminho é falar dele sempre;, argumenta.
::Saiba mais|Apelidos e piadas
É o termo usado para definir a prática de intimidar pessoas e expô-las a situações constrangedoras por meio de apelidos pejorativos, piadas ou qualquer tipo de agressão física ou psicológica. Pode acontecer nas escolas, no trabalho ou até dentro de casa. O termo surgiu na década de 1980 para designar todas as formas agressivas de coação que existem sem motivação evidente e ganhou força a partir dos anos 2000 por causa de campanhas mundiais contra a prática.
::Adolescência no palco
Além de Não bullying comigo, três peças desenvolvidas pelo órgão tratam de temas que alertam e educam a população do DF sobre o uso de drogas e a violência urbana. O monólogo Pais e filhos fala da luta de uma família na tentativa de salvar um filho da dependência química; Quero ser feliz, e você? aborda o problema do uso de drogas entre crianças e adolescentes; e o espetáculo Natal no balneário conta a história de um grupo em férias que é impedido de sair do hotel por causa de um tiroteiro de gangues rivais na cidade.
::Peça gratuita
Não bullying comigo, espetáculo com direção de Thomaz Coelho e encenada por servidores da Sejus (Beth Daniele, Jorge Mafra, Renato Taveira, Lara Beatriz e Ivan Torres). A apresentação é itinerante e pode ser agendada pelo (61) 2104-1907. De graça. Duração de 25 minutos. Classificação indicativa livre.