Os ministérios da Educação e do Esporte vão atuar em conjunto para aumentar o tempo da prática esportiva dos alunos nas escolas. A informação foi dada por representantes do Executivo, nesta quarta-feira (12), durante o seminário ;Ciclo Olímpico Brasileiro;, realizado pela Comissão de Turismo e Desporto da Câmara.
Os ministérios querem que, além das duas horas semanais de aulas de educação física normalmente oferecidas nos colégios, os alunos tenham a oportunidade de fazer esportes no turno inverso. Para isso, segundo informou o diretor do Departamento do Esporte de Base e de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, André Arantes, deverão ser contratados mais professores, que vão ser capacitados em áreas específicas, como judô, atletismo e natação. ;No contraturno escolar, poderemos contemplar tanto os estudantes que desejam fazer uma atividade de lazer, como se estivessem em uma academia, quanto aqueles que pretendem treinar uma modalidade a sério;, disse.
De acordo com André Arantes, os dois ministérios também querem incentivar ainda mais a participação dos estudantes nas competições esportivas escolares da própria cidade, do estado, e em nível nacional e internacional. Outro ponto que está sendo discutido é o estímulo ao atletismo nas escolas. Apesar dos estudos que estão sendo feitos para implementar todas essas ações, o diretor afirmou que ainda não existe prazo para que as medidas saiam do papel.
O presidente do Sindicato de Academias e representante da Confederação Nacional de Serviços para o Setor de Academias e Similares, Gilberto José Bertevello, lembrou que, atualmente, as parcelas da população que mais têm procurado as academias são idosos e adolescentes obesos. "Teríamos menos trabalho para colocar esses adolescentes em forma física, se tivesssem mais estímulo nos colégios. Além da educação física, é importante que se abra espaço para as competições esportivas dentro do ambiente escolar", declarou.
Carga horária menor Por sua vez, o presidente do Conselho Federal de Educação Física, Jorge Steinhilber, lamentou que alguns estados estejam diminuindo a carga horária da educação física nas escolas. Na opinião de Steinhilber, o governo federal tem desenvolvido "projetos desarticulados" na área de saúde e bem-estar, sem preocupação com resultados efetivos para a população.
Ele criticou especificamente o Programa Academia da Saúde, do Ministério da Saúde, e o Programa Mais Educação, do Ministério da Educação. Segundo o dirigente, alguns integrantes dos ministérios defendem que, nesses projetos, as atividades físicas sejam ministradas por agentes comunitários de saúde ou pessoas que tenham praticado esporte ; não, necessariamente, profissionais habilitados em educação física. "Isso representa um descaso com a qualidade e com a sociedade menos favorecida", avaliou.
Também integrante do Conselho Federal de Educação Física, Ricardo Catunda ressaltou que existe uma tendência mundial de diminuir o tempo da educação física nas escolas, para aumentar os horários de outras disciplinas. Segundo ele, pesquisas mostram, no entanto, que essa prática não tem provocado melhor desempenho em outras matérias. ;Estudos recentes mostram que o nível de aptidão física e habiliade motora está diretamente ligado à condição intelectual do indivíduo. Ou seja, quanto mais ativa é a pessoa, maior é a sua capacidade de aprendizagem;, argumentou.
Legado
O coordenador da Frente Parlamentar da Atividade Física, deputado João Arruda (PMDB-PR), afirmou que o objetivo do seminário e de outros encontros promovidos pela Comissão de Turismo e Desporto em vários estados é fazer com que as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, contribuam para estabelecer uma cultura de práticas esportivas no País. Ele espera que essa nova dinâmica vá além da construção de arenas e estádios e de toda a infraestrutura que envolve a competição.
[SAIBAMAIS]