Maria Eduarda, Michele Beatriz e Maria Luiza: orgulho de serem negras |
"Meu cabelo enrolado todos querem imitar Eles estão baratinados Também querem enrolar"
Na Escola Classe 16 do Gama, a moda é assumir a cabeleira. Frisados, encaracolados, cacheados, para o alto, tipo black-power. Os estilos variados são a cara do Dia da Consciência Negra, comemorado na próxima terça-feira em todo o Brasil. O colégio criou um projeto que leva um salão de beleza especializado em cabelos afros para o pátio da escola.
A criançada adora! Os alunos do 2; ano estão estudando a cultura africana, e as amigas Michele Paraguai, Beatriz Almeida, Nathália Silva, Maria Luiza Ferreira e Maria Eduarda Silva se inspiraram nas cores e na alegria dos africanos para criar um visual todo diferente.
; Eu estou me achando linda, confessa Michele sorridente e exibindo o novo penteado.
Maria Eduarda acha que a cor negra da pele dela é a coisa mais linda do mundo. E não se incomoda de ser diferente de quem não tem a mesma cor.
; O mundo não teria graça se fosse todo mundo igual. Os negros são lindos, e são parte da nossa história. Eu tenho orgulho de ser assim.
NEGRO QUE TE QUERO SER NEGRO
Na escola do Gama todo ano é a mesma coisa. O colégio recebe crianças de 6 a 12 anos diariamente, a maioria de pele negra ou morena como a dos índios. Além das aulas normais, eles aprendem tudo sobre as diferenças entre as pessoas que fazem do mundo um lugar muito mais interessante.
O projeto Negro que te quero ser negro é um dos muitos trabalhos que envolvem pais, professores e alunos na luta contra o preconceito racial dentro e fora do colégio. A ideia de levar um salão de beleza afro até a escola mostra aos estudantes como realçar a beleza natural da garotada.
; Autoestima é fundamental para o aprendizado ; explica o diretor Ezequias Andrade. Os resultados do projeto são os melhores: ;Nossa escola está mais bonita, nossos alunos mais interessados, e todos se respeitam, completa o educador.
O colégio vai comemorar o Dia da Consciência Negra numa grande festa. Além do salão de beleza que vai fazer a cabeça de todo mundo, tem também apresentações, dança típica, capoeira e a exposição dos trabalhos dos alunos sobre a cultura afrobrasileira. Tudo com muita cor e alegria, do jeito que a data precisa ser comemorada.
ZUMBI, O NOSSO HERÓI
Desta vez, vai ter até uma dança encenada que fala sobre Zumbi dos Palmares, herói da resistência negra na época dos escravos. A turma do 4; ano da professora Flávia Santos é quem vai fazer bonito com a apresentação.
; A gente estudou a história do Zumbi na sala de aula. Ele foi um homem muito corajoso que lutou pela liberdade dos escravos e fez uma vila onde os negros podiam ter a religião deles, dançar as músicas africanas e ser felizes, completa Igor Vinícius Rocha, aluno da professora Flávia.
Os colegas Ana Júlia Rocha e Luan Laffet não veem a hora de mostrar tudo o que aprenderam. Emanuel Santos, do 4; ano adianta o espírito do evento:
; Depois que a gente aprende a respeitar o outro, a gente sonha com um mundo melhor, onde todos são iguais.
Esse ano, as apresentações estão marcadas para o dia 29 de novembro, a partir das 9h, no Centro de Ensino Médio 2 do Gama. O auditório da escola vai estar de portas abertas para receber todo mundo que quiser prestigiar a exibição dos trabalhos.
CUIDANDO DO VISUAL
Quem tem cabelo enroladinho sabe como é difícil pentear a cabeleira, ; a mamãe que o diga, não é? Então, o Super! separou algumas dicas para você cuidar muito bem dos seus cachinhos:
Peça ajuda de um adulto e hidrate seu cabelo pelo menos uma vez por mês com xampus e cremes especiais para crianças afros.
Massageie bem e ponha uma touca ou saco plástico no cabelo por até 20 minutos.
Depois é só enxaguar com água fria.
POVINHO FALA
Michele Paraguai, 7 anos
Cabelo ruim não existe. Meu cabelo é bom porque é bonito. As pessoas me veem na rua e dizem: ;Que menina bonita!’ Eu adoro meu cabelo. Se todo mundo fosse liso, o mundo ia ser chato. Eu pareço minha boneca Barbie, que também é negra.
Igor Vinícius Rocha, 9 anos
Lá, fora da escola, ainda é diferente. As crianças batem, chingam e não respeitam as pessoas. Aqui na escola é muito legal, porque a gente respeita e é respeitado.
Beatriz Almeida, 7 anos
Acho o povo africano lindo. Eles são coloridos! Quando eu me desenho, me faço parecida com eles. Um dia vou ser pintora, e vou usar todas as cores nas minhas pinturas.
Maria Luiza Ferreira, 7 anos
Não me acho diferente das outras pessoas por causa da minha pele ou do meu cabelo. Só o meu olho que é mais claro um pouquinho. Mas isso não faz diferença porque eu enxergo as mesmas coisas que todo mundo.
Ellen Camilly Dutra dos Santos, 10 anos
A gente não pode ter vergonha. Sou negra e sou linda!