De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, serão feitos dois testes: um pelas escolas e outro pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC). A prova do Inep já será aplicada no ano que vem às crianças do 3; ano. Em 2014, passará a ser obrigatória também para os alunos do 2; ano. Hoje, os estudantes são avaliados pela primeira vez no 5; ano, pela Prova Brasil.
Segundo o ministro, o exame seguirá um único padrão, com os mesmos critérios e um quadro bem detalhado para que a rede de ensino possa tomar providências em relação à necessidade de reforço pedagógico, no sentido de assegurar que todas as crianças sejam efetivamente alfabetizadas até os 8 anos de idade. ;Identificando a dificuldade já com 7 anos, no ano seguinte a gente tem uma política de reforço pedagógico;, esclarece Mercadante.
Segundo o ministro, o pacto pela alfabetização visa a evitar a evasão escolar e a repetência, que custam à pasta entre R$ 7 bilhões e R$ 9 bilhões por ano. Para a presidente Dilma Rousseff, só é possível aferir se as crianças estão no ciclo de alfabetização efetivo com instrumentos eficazes de avaliação. ;E não há como fazer isso sem fazer testes objetivos, principalmente se quisermos evitar que as elas cheguem à 5; série (6; ano) sem conseguir dominar a leitura e as operações matemáticas simples;, disse ela.
Dados do MEC mostram a raiz da desigualdade social e regional. A taxa de alunos com 8 anos que não estão alfabetizadas é de 34% no Maranhão e de 35% em Alagoas. Na outra ponta estão Paraná, com taxa de 4,9%, e Santa Catarina, com 5,1%.
Mas, para a diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, os dados estão superestimados. ;O número é ainda maior. O resultado da Prova ABC mostra que mais da metade (dos estudantes) chega ao 3; ano sem saber o básico de português e matemática. Dos jovens que terminam o ensino médio, só 11% sabem matemática;, afirma. A expectativa dela é que o plano combata esses índices. ;Mas só vou ficar realmente animada quando os números melhorarem;.
A proposta do governo prevê ainda R$ 500 milhões que serão investidos em prêmios para as melhores experiências, cursos de dois anos para 360 mil alfabetizadores (que vão receber também uma bolsa mensal), e compra de livros didáticos.
Para o secretário de Educação Básica do ministério, César Callegari, o principal problema do aprendizado está na preparação dos professores. ;Há muita improvisação. Precisamos valorizar os alfabetizadores para que a educação seja valorizada;, disse ele. Todas as secretarias estaduais de educação e representantes de 5.271 municípios brasileiros firmaram o compromisso.
Polêmica
Apesar de o governo definir a idade de 8 anos como limite para que a criança seja alfabetizada, muitos pais querem que os filhos aprendam a ler e escrever antes disso. Baseados em uma pesquisa lançada no fim do ano passado pela Academia Brasileira de Ciências, alguns pais e responsáveis alegam que a fase mais propícia para a alfabetização é até os 6 anos. Para Callegari, o impasse não respeita os direitos das crianças. ;Não podemos passar uma coisa em cima da outra porque elas podem sofrer consequências danosas pelo resto da vida. Não é correto, você não pode estressá-las, elas têm direito de brincar. As etapas da infância precisam ser muito respeitadas e elas estão maduras para o processo mais organizado de educação a partir dos 6 anos de idade.;
Colaborou Juliana Colares
;Só vou ficar realmente animada quando os números melhorarem;
Priscila Cruz, Diretora executiva do Todos Pela Educação
MEC admite que errou A participante do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) eliminada por engano terá uma nova chance para fazer a prova. A adolescente, que mora em São Paulo, foi acusada de ter postado uma imagem da prova na internet, mas, de acordo com o MEC, a autora da publicação foi uma homônima, que prestou o exame em Mogi das Cruzes, na região metropolitana da capital paulista.
O ministro Aloizio Mercadante disse ontem que, após reconhecer o erro, ligou para a mãe da estudante e disse a ela que, de fato, a menina não tinha cometido nenhuma irregularidade. ;Houve um erro, reconhecido pelo MEC, já comunicado. Disse para a mãe dela que a estudante terá todo o direito de fazer, entre os dias 3 e 4 de dezembro, a prova que perdeu;, disse Mercadante. No mesmo dia, também prestarão o exame a população carcerária e as pessoas que, por motivos pontuais, não puderam participar do certame. Entre elas, está a candidata que entrou em trabalho de parto minutos antes do início do exame.
No último fim de semana, 65 estudantes que publicaram imagens na internet foram imediatamente identificados e desclassificados. O edital do Enem proíbe o uso de qualquer equipamento eletrônico durante a avaliação.