Fácil de montar e desmontar, o planetário do professor Luís tem uma peculiaridade: pode ser transportado para qualquer lugar e cabe em um carro de passeio. Todas as peças pesam no máximo 150kg e ocupam o porta-malas e dois bancos do veículo. Para levantar o cenário ; que mais parece uma grande barraca circular ; é preciso um ventilador. O equipamento é responsável por inflar o planetário. O ambiente tem capacidade para 40 crianças e é aberto por um zíper. Os espectadores precisam adentrar o planetário e se sentar no chão para poder assistir ao show de luzes na escuridão. Elas são disparadas por um cilindro especial como pequenos flashes e atingem um tecido metalizado para dar forma às imagens.
;Eu queria construir uma superaula sobre astronomia. Foi coisa de professor apaixonado. Queria ver o encantamento dos alunos, um envolvimento maior deles;, explica Luís. ;Depois que testei, percebi que isso realmente era possível. Eles fazem mais perguntas dentro do planetário do que em sala de aula;, justifica. Segundo o professor, a curiosidade tem relação direta com a quantidade de elementos capazes de estimular a curiosidade dos estudantes. Dentro da cápsula, os participantes assistem a uma apresentação com duração de 20 minutos. Ela é dividida em três partes: projeção do céu do hemisfério sul, projeção do céu do hemisfério norte e simulação de uma viagem espacial.
A obsessão pelo projeto surgiu, de acordo com Luís, após um despertar durante a madrugada. ;Eu havia levado os meus alunos um tempo antes a uma feira de ciências e, na volta, percebi que o assunto dominante da visita foi o planetário. Comecei então a pensar nisso com frequência e, um dia, acordei pensando que tinha que colocar a ideia em prática;, conta. A fixação do profissional era tamanha que em oito meses tudo estava pronto para funcionar. Após pesquisar diversas experiências no Brasil e no exterior, além de ter conhecimento de protótipos desenvolvidos por um argentino, ele transformou o sonho em realidade. Para isso, entretanto, teve que tirar do bolso, na época, algo em torno de R$ 30 mil.
Passados três anos, o planetário brasiliense ; com 5 metros de diâmetro e 3,5 metros de altura ; é considerado hoje o melhor do gênero móvel em todo o país. Até agora, já atendeu mais de 40 mil alunos do Distrito Federal e Entorno. A iniciativa de levar a astronomia a todos os lugares era apoiada pela Secretaria de Educação, mas agora caminha por conta própria, sem qualquer ajuda do governo.
O professor recebe R$ 6 por aluno de escola privada e R$ 3 por aluno de escola pública, mas confessa ter esperança de que o Estado se envolva novamente na ação. Para atuar no planetário de forma independente, o Luís precisou reduzir a carga horária de trabalho. Durante o dia, ele opera as máquinas do espaço ; juntamente com o professor de ciências naturais Adriano da Silva Leonês, apoiador do projeto ;, enquanto à noite leciona em escolas públicas do DF como funcionário da Secretaria de Educação.
Na última segunda-feira, alunos do 3; ano da Escola Classe 416 Sul visitaram o planetário montado próximo ao pátio da escola. Dez alunos assistiram à apresentação. Geovana Vieira Vasconcelos de Souza, 8 anos, foi uma das que viajaram pelo universo de mentirinha. Ela se surpreendeu com o céu projetado no tecido metálico. Segundo ela, as Três-Marias foram as estrelas que mais chamaram a atenção. ;Gostei muito. Parece de verdade. Já tinha ido num planetário, mas nesse fica tudo mais escuro, chega a dar medo.; Reação parecida teve Matheus Castro, 8. Segundo ele, embora já tivesse parado para observar o céu à noite, nunca havia prestado muita atenção. ;Meu pai tinha me mostrado, mas não sabia o nome dos astros. Agora, vou tentar me lembrar quando olhar;, diz o pequeno.
Programe-se
; Interessados em contratar o planetário podem ligar para o telefone 8448-4923 ou entrar em contato pelo e-mail planetario.bsb@hotmail.com