Na entrada principal do CEM 414, uma antena de radiofrequência lê as informações de cada chip cadastrado no sistema e fixado nos uniformes. Assim que o aluno passa pelo equipamento, os dados são repassados a um computador e uma mensagem chega ao celular dos pais. São dois recados por dia: na entrada e na saída de cada adolescente. A proposta, em fase experimental, começou a ser testada na última segunda-feira. Cerca de 30 alunos do 1; ano B estão cadastrados. ;Agora, não dá mais para fugir. Tudo o que for fazer, os pais vão ter que autorizar. Mas estou gostando. É um projeto interessante;, contou Daniel Cavalcante, 16 anos. O jovem participa da iniciativa.
O CEM 414 é o único no DF que, no momento, avalia a possibilidade de controlar a entrada e a saída dos alunos por meio do chip eletrônico. No Guará, uma escola implementou o controle dos estudantes por meio de impressão digital. A proposta partiu da direção do colégio. ;Eu vi que, na Bahia, se usava esse sistema. Achei interessante e entrei em contato com a empresa responsável por implantar. Eles decidiram fazer o teste, sem nenhum custo para a escola;, detalhou Remísia Ferraz, diretora da instituição.
Em 13 de novembro, uma reunião será realizada para que o relatório com o teste seja apresentado ao Conselho Escolar, a diretores de outras escolas e à Secretaria de Educação. Esse órgão informou, por meio da assessoria de imprensa, que o projeto é exclusivo do CEM 414, mas que a Subsecretaria de Modernização e Tecnologia da pasta estuda ;dar continuidade ao processo de modernização das instituições públicas de ensino, implantando inclusive ponto eletrônico em todas as unidades educacionais do DF;.
Caso seja aprovado, o sistema só deve ser incluído em 2013. A tecnologia também permite que a escola envie informações extras aos responsáveis. ;Quando tiver reunião, entrega de boletins ou outros eventos, a direção pode utilizar o programa para encaminhar o recado ao celular cadastrado;, detalhou o analista de sistemas Bruno da Costa, responsável pelos testes do equipamento.
Consenso
A proposta divide os alunos. ;Todo dia, assisto a duas aulas e fujo da escola. E, com isso, a minha mãe vai saber. Eu nem contei para ela que estão colocando esse programa;, disse um estudante do 1; ano, que preferiu não se identificar. Animada com a novidade, a secretária Rosana Ferreira Rodrigues, 46 anos, recebe as mensagens relacionadas à filha Jeovana Rodrigues, 15. ;É uma tranquilidade saber que ela chegou e saiu da escola. Na minha opinião, deve ser implementado logo;, defendeu. ;Não vejo muita diferença, pois a minha mãe sempre sabe quando estou indo e voltando da escola;, avaliou Jeovana.
Para o professor Gilberto Lacerda, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), a medida pode trazer benefícios e levar mais segurança aos pais e aos alunos. ;Mas é preciso ter um consenso entre todas as partes. O adolescente deve participar das decisões, senão pode entender como uma invasão de privacidade e não vai querer participar;, explicou.
Pioneiro
Neste ano, o Centro Educacional n; 2 do Guará adotou máquinas de leitura de impressão digital para controlar a frequência dos estudantes. Ao entrar na instituição, cada aluno coloca o dedo indicador em um dos aparelhos. As informações do jovem aparecem em uma tela de computador e, nesse momento, os pais recebem uma mensagem no celular informando o horário da entrada.
Povo fala
O que você acha da iniciativa?
Francisco da Silva,
36 anos, empresário, morador de Samambaia
;Formidável. Demorou para começar, era para ter feito isso logo. Claro que, quando há confiança entre os pais e os filhos, nós sabemos se eles estão na escola ou não e que horas chegaram e saíram. Mas é uma forma da escola e dos pais controlarem melhor a frequência dos estudantes.;
Cléa Nunes, 31 anos,
dona de casa, moradora de Samambaia
;É ótima. Tem que ter esse controle. Na minha casa, tem diálogo bem aberto com a minha filha, que tem 14 anos e é do 1; ano do ensino médio. Conosco não há problemas de ela esconder se está na aula, pois acompanho sempre. Sou totalmente a favor da proposta, pois teremos mais segurança.;
Wilson Geraldo de Oliveira,
51 anos, professor, morador de Samambaia
;Gostei muito. A minha filha já está com o chip de teste. É o uso da tecnologia a favor da comunicação entre os pais e a escola. Quando falamos em controle, é algo que assusta, mas, neste caso, dá mais tranquilidade para os pais e facilita o planejamento escolar.;