Jornal Correio Braziliense

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Escola testa chip para monitorar alunos

Equipamento instalado em colégio público de Samambaia mantém os pais informados, por meio de mensagem via celular, sobre os horários de entrada e de saída dos filhos. Tecnologia divide opiniões

Matar aula ou sair da escola antes do fim do horário letivo sem comunicar aos pais pode chegar ao fim no Distrito Federal. Um projeto piloto começou a funcionar nesta semana no Centro de Ensino Médio (CEM) 414 de Samambaia e serve para informar os responsáveis o momento em que o estudante entra e deixa o colégio. O controle é feito por meio de um chip fixado no uniforme. A medida passa por testes em uma turma do 1; ano e poderá ser ampliada a todos os 1,8 mil alunos. A proposta agradou os responsáveis, mas os jovens ainda se dividem em relação ao controle. Para especialista, a medida só vai funcionar se houver acordo entre os envolvidos.

Na entrada principal do CEM 414, uma antena de radiofrequência lê as informações de cada chip cadastrado no sistema e fixado nos uniformes. Assim que o aluno passa pelo equipamento, os dados são repassados a um computador e uma mensagem chega ao celular dos pais. São dois recados por dia: na entrada e na saída de cada adolescente. A proposta, em fase experimental, começou a ser testada na última segunda-feira. Cerca de 30 alunos do 1; ano B estão cadastrados. ;Agora, não dá mais para fugir. Tudo o que for fazer, os pais vão ter que autorizar. Mas estou gostando. É um projeto interessante;, contou Daniel Cavalcante, 16 anos. O jovem participa da iniciativa.

O CEM 414 é o único no DF que, no momento, avalia a possibilidade de controlar a entrada e a saída dos alunos por meio do chip eletrônico. No Guará, uma escola implementou o controle dos estudantes por meio de impressão digital. A proposta partiu da direção do colégio. ;Eu vi que, na Bahia, se usava esse sistema. Achei interessante e entrei em contato com a empresa responsável por implantar. Eles decidiram fazer o teste, sem nenhum custo para a escola;, detalhou Remísia Ferraz, diretora da instituição.

Em 13 de novembro, uma reunião será realizada para que o relatório com o teste seja apresentado ao Conselho Escolar, a diretores de outras escolas e à Secretaria de Educação. Esse órgão informou, por meio da assessoria de imprensa, que o projeto é exclusivo do CEM 414, mas que a Subsecretaria de Modernização e Tecnologia da pasta estuda ;dar continuidade ao processo de modernização das instituições públicas de ensino, implantando inclusive ponto eletrônico em todas as unidades educacionais do DF;.

Caso seja aprovado, o sistema só deve ser incluído em 2013. A tecnologia também permite que a escola envie informações extras aos responsáveis. ;Quando tiver reunião, entrega de boletins ou outros eventos, a direção pode utilizar o programa para encaminhar o recado ao celular cadastrado;, detalhou o analista de sistemas Bruno da Costa, responsável pelos testes do equipamento.

Consenso

A proposta divide os alunos. ;Todo dia, assisto a duas aulas e fujo da escola. E, com isso, a minha mãe vai saber. Eu nem contei para ela que estão colocando esse programa;, disse um estudante do 1; ano, que preferiu não se identificar. Animada com a novidade, a secretária Rosana Ferreira Rodrigues, 46 anos, recebe as mensagens relacionadas à filha Jeovana Rodrigues, 15. ;É uma tranquilidade saber que ela chegou e saiu da escola. Na minha opinião, deve ser implementado logo;, defendeu. ;Não vejo muita diferença, pois a minha mãe sempre sabe quando estou indo e voltando da escola;, avaliou Jeovana.

Para o professor Gilberto Lacerda, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), a medida pode trazer benefícios e levar mais segurança aos pais e aos alunos. ;Mas é preciso ter um consenso entre todas as partes. O adolescente deve participar das decisões, senão pode entender como uma invasão de privacidade e não vai querer participar;, explicou.

Pioneiro

Neste ano, o Centro Educacional n; 2 do Guará adotou máquinas de leitura de impressão digital para controlar a frequência dos estudantes. Ao entrar na instituição, cada aluno coloca o dedo indicador em um dos aparelhos. As informações do jovem aparecem em uma tela de computador e, nesse momento, os pais recebem uma mensagem no celular informando o horário da entrada.


Povo fala
O que você acha da iniciativa?


Francisco da Silva,
36 anos, empresário, morador de Samambaia

;Formidável. Demorou para começar, era para ter feito isso logo. Claro que, quando há confiança entre os pais e os filhos, nós sabemos se eles estão na escola ou não e que horas chegaram e saíram. Mas é uma forma da escola e dos pais controlarem melhor a frequência dos estudantes.;


Cléa Nunes, 31 anos,
dona de casa, moradora de Samambaia

;É ótima. Tem que ter esse controle. Na minha casa, tem diálogo bem aberto com a minha filha, que tem 14 anos e é do 1; ano do ensino médio. Conosco não há problemas de ela esconder se está na aula, pois acompanho sempre. Sou totalmente a favor da proposta, pois teremos mais segurança.;


Wilson Geraldo de Oliveira,
51 anos, professor, morador de Samambaia

;Gostei muito. A minha filha já está com o chip de teste. É o uso da tecnologia a favor da comunicação entre os pais e a escola. Quando falamos em controle, é algo que assusta, mas, neste caso, dá mais tranquilidade para os pais e facilita o planejamento escolar.;