A pequena sala de estudos, aberta há 15 anos, tem um acervo de cerca de 450 livros, mas não possui itens básicos como gramática da língua portuguesa, dicionários de acordo com a nova ortografia, atlas geográfico atualizado e livros para pesquisa e consulta de matérias como ciências e matemática. São ausentes também clássicos da literatura.
A pedagoga Gladys Maris Leite, 39 anos, dá aulas para a turma do 2; ano do ensino fundamental. Gladys queria dar uma aula sobre o Menino Maluquinho e ficou espantada ao perceber que a sala de leitura não conta com nenhum exemplar de Ziraldo. Foi, então, que ela percebeu que o problema era ainda maior: nenhum dicionário da sala está de acordo com a nova ortografia, requisito que integra a grade curricular do 2; ano. ;Fica difícil incentivar a leitura com pouco material e com livros velhos. E o problema é que muitos alunos são carentes, não têm dinheiro para comprar livros;, lamenta.
A aluna do 2; ano Gyovanna Batista, 8 anos, também não gosta da situação: ;Eu gosto de ler, mas vamos pouco para a sala de leitura, porque não tem muita opção de livro lá. Seria melhor se tivesse mais para ler;. Apesar disso, Gyovanna adora estudar na Escola Classe 7. ;Aqui é maravilhoso, adoro minha professora e a escola;, conta. A auxiliar Sandra Regina da Silva, responsável pela sala de leitura, avalia o problema: ;Quem mais vem aqui são meninos que precisam de reforço, mas o espaço não tem material de pesquisa, não dá para consultar informações de nenhuma disciplina. Livro mesmo só tem de literatura, mas não tem muita variedade. Eles só aprendem com o que pesquisam na internet e com o que os professores levam para a sala de aula;.
Providências
Indignada com a falta de material da sala de leitura, Gladys entrou em contato com todos os deputados distritais e federais do Distrito Federal, e com todos os senadores que lançaram candidatura no DF, na esperança de que tomassem alguma providência. Apenas dois deputados responderam ao chamado e informaram que iriam encaminhar o problema aos setores competentes.
A falta de gramática é um problema grande, especialmente para alunos do 4; ano. Para a turma do 2; ano, em que Gladys leciona, a falta de dicionários de acordo com a nova ortografia é o maior problema. ;Posso até usar os dicionários para ensinar aos alunos como se usa, mas não posso deixar que eles consultem esse material. Às vezes eles querem checar a escrita de uma palavra e, agora, com a nova ortografia, ela é escrita de outro jeito, só que o dicionário não mostra isso;, critica a professora.
Para incentivar a leitura, Gladys gastou mais de R$ 450 do próprio bolso para comprar livros para os alunos. Os últimos exemplares que ela comprou para a turma são uma coleção de contos de fada, com histórias como Aladin e Cinderela. Os livros que chegam à escola vêm de doações e do recebimento esporádico de exemplares da Secretaria de Educação.
No coração dos moradores
Salas de aula bonitas, limpas e organizadas, um agradável pátio, sala de informática e professores dedicados fazem da Escola Classe 7 do Guará um bom lugar para estudar. A maioria dos cerca de 650 alunos da educação infantil e do ensino fundamental, até o 4; ano, moram no Guará, mas há alunos de outras cidades que foram estudar ali por causa da fama de bom colégio.
Fernando Gabriel de Vasconcelos, diretor da escola há mais de 15 anos, ressalta as qualidades do colégio: ;Nossa escola tem um bom acolhimento e uma ótima relação com a sociedade. Ela é aberta para a comunidade e oferece várias programações para os moradores, como campeonatos de pingue-pongue e outros jogos;. Fernando também avalia que o que precisa ser melhorado, além de mais livros na sala de leitura, é o espaço físico, que é muito pequeno. ;Temos que usar a quadra de esportes da rua. O que mais precisamos é de espaço.;
Doações
Quem quiser doar livros e material didático para o colégio, pode ligar para 3901-6649 ou se dirigir à QE 38, Área Especial 12, Projeção D, no Guará.