Enem

Para alunos e professores, ainda é cedo para definir data do Enem

Inscritos votarão em enquete entre 20 e 30/6. Sem saber quando as aulas voltam presencialmente e, em muitas UFs, até on-line, fica difícil escolher

Larissa Azevedo*
 
A ideia do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de consultar os inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sobre a data da prova antecede o anúncio do adiamento do teste. Weintraub chegou a anunciar no Twitter que a enquete serviria para mostrar se os participantes queriam ou não o adiamento. Quando postergar a data do exame se tornou inevitável, com pressão e votações no Congresso Nacional nesse sentido, o ministro anunciou que o questionário serviria para planejar a nova data.

 

Nesta semana, Weintraub deu mais detalhes sobre a enquete, revelando que ela será aplicada entre 20 e 30 de junho aos mais de 6 milhões de inscritos no Enem. As opções de datas para votar consideram o adiamento em 30, 60 ou 80 dias com relação ao cronograma inicial. Confira as possibilidades:

Prova impressa:
- 6 e 13 de dezembro
- 10 e 17 de janeiro de 2021
- 2 e 9 de maio de 2021
 
Prova digital:
- 10 e 17 de janeiro de 2021
- 24 e 31 de janeiro de 2021
- 16 e 23 de maio de 2021

A nota alcançada no Enem é usada como forma de ingressar em diversas universidades públicas, por meio do Sistema de Seleção Unificação (Sisu), também servindo para ingresso em faculdades particulares por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O exame também é usado em seleções organizadas pelas próprias instituições de ensino no Brasil e em outros países.
 

Saiba Mais

 

Por tudo isso, o desempenho no exame é de suma importância para quem está terminando o ensino médio ou para quem já terminou, mas ainda deseja conseguir ingressar no ensino superior. Dessa forma, escolher uma data que permita aos estudantes concluir o ano letivo e ter tempo para se preparar é essencial. Apesar de o Ministério da Educação (MEC) ter oferecido três alternativas de dias para as provas, na avaliação de muitos professores e alunos, ainda é cedo para tomar essa decisão.

Difícil opinar

Em diversos sistemas de ensino públicos pelo país, as aulas ainda nem voltaram e, em vários, não há nem a definição do calendário nem de quando terminará o ano letivo. “Nessas condições, como escolher entre as opções de uma enquete?” É o que questionam docentes como o professor de matemática Fillipe Pacheco, que dá aulas no Centro de Ensino Médio (CEM) 1 de São Sebastião e do COC Jardim Botânico.
 
Atuando nas redes pública e particular do DF, ele sabe das dificuldades de definir uma data do Enem quando ainda não há previsão de retorno das aulas presenciais. E, enquanto isso não acontece, desigualdades se intensificam. Alunos da rede particular estão tendo aulas on-line há tempos; enquanto na rede pública, as aulas EAD se tornarão obrigatórias em 29 de junho.

 

Fillipe Pacheco é responsável pela aula interativa Cálculo de Balada, que reúne criatividade, foco, fórmulas e muito conteúdo musical para tornar o ensino da matemática mais divertido. No início, essas aulas eram pagas, mas passaram a ser gratuitas. Confira os canais do projeto no Instagram. e no YouTube 

Estudantes confusos

Para a aluna do 3º ano do ensino médio Ana Gabriela Fonseca, 16, a prova deveria ser em maio de 2021. Segundo a adolescente, de escola particular, esse seria o período ideal para que alunos consigam se preparar, em especial aqueles da rede pública. Mariana Ferrari, 15, aluna do 2º ano do ensino médio, fará o Enem como treineira e não se sente confortável para opinar e escolher uma data. “O adiamento da prova para 2021 é a medida menos pior, pois, nós, estudantes teremos mais tempo de preparação”, declara Mariana Ferrari.

A posição da Ubes

A União Brasileiras dos Estudantes Secundaristas (Ubes) representa alunos dos ensinos fundamental, médio, profissionalizante e pré-vestibular. A presidente da organização, Rozana Barroso, contou que tem debatido muito sobre o adiamento do Enem. Escolher uma data, afirma ela, é uma responsabilidade enorme, pois errar nisso pode agravar disparidades sociais. Para ela, é importante pensar no que o MEC tem feito quanto ao retorno das aulas para, aí, sim, definir quando será o Enem.

 

O que falta, segundo Rozana, é o diálogo com as entidades estudantis. A Ubes lançou uma campanha de democratização de acesso gratuito à internet, já que milhares de estudantes em todo o país se encontram sem condições de acompanhar aulas on-line, em especial na rede pública. Ela avalia que algumas “soluções” que partem do MEC acabam mais prejudicando do que amenizando as mazelas estudantis. “Há problemas reais que precisam ser sanados”, queixa-se ela, aluna de curso pré-vestibular.

 
*Estudante de jornalismo da Universidade Paulista (Unip), sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa
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