Para Rozana Barroso, nova presidente da União Brasileira dos Estudantes (Ubes), a prorrogação da prova e das inscrições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não foi feita de modo claro e deixa margem para muitas dúvidas. Ela avalia que a juventude se sente desamparada pelos órgãos competentes.
“O MEC (Ministério da Educação) diz que, até dia 28, vamos receber a confirmação de pagamento. Só que até dia 28, inclusive com a prorrogação, já passou o prazo de inscrição. E se não chegar a tempo? E se a confirmação for que o meu boleto não foi aceito? Eu deixo de realizar a prova?”, pergunta.
Ela ainda questiona outro problema recorrente. “A questão das fotos, a resposta do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) é que eles não receberam nenhum histórico de problemas. Eu não consegui mandar minha foto porque dizem que está tendo muito acesso ao site, mas que depois vai ter como entrar. E se não tiver?”, indaga.
Sobre essa questão, o Inep esclareceu que os alunos não serão prejudicados e que será possível inserir a imagem mesmo após o término das inscrições.
Rozana é crítica quanto à forma com que os órgãos competentes estão tratando questões em relação a prova. “Os estudantes não estão recebendo amparo, as respostas estão confusas, a palavra neste momento é insegurança”, desabafa.
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A representante estudantil pede responsabilidade. “Não existe um amparo do Inep de como podemos resolver os problemas. Precisam entender que nós estamos falando de sonhos da juventude brasileira; então, precisam ter responsabilidade”, declara.
Pressão gerou adiamento
O Enem foi adiado após forte pressão estudantil, de movimentos sociais e do parlamento. Projeto de lei que estabelecia o adiamento foi aprovado no Senado Federal por 75 votos a favor e um contra (apenas de Flávio Bolsonaro, Republicanos-RJ). A matéria seria apreciada na Câmara dos Deputados e só não foi porque o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o Inep e o presidente da República, Jair Bolsonaro, declararam o adiamento.
Mesmo assim, Rozana diz que as preocupações com o Enem ainda são muitas e há poucas explicações. “Nós agora cobramos que seja formada uma comissão com estudantes, profissionais da educação básica e superior e profissionais da saúde para debater uma saída para realização do Enem de acordo com os especialistas”, propõe.
Ela chama atenção para a questão não solucionada dos estudantes em situação de vulnerabilidade. “Ainda estamos falando sobre desigualdades sociais aprofundadas pelo coronavírus, ainda temos muitos estudantes sem acesso à internet e estamos cobrando posturas e posições sobre esses estudantes”, aponta.
“É preciso de responsabilidade. Principalmente por parte deles que usam a bandeira verde e amarela e se dizem patriotas... Nós estamos falando de uma coisa muito valiosa que é o desejo de mudar vidas, famílias”, completa.
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*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa