Enem

''Enem pode ser adiado, mas é cedo para ter essa discussão'', diz presidente do Inep

Alexandre Lopes garantiu, também, que o Exame será aplicado e que nova data pode ser discutida quando 'estiver tudo pronto' para a realização da prova

Em live da startup Evolucional, na manhã desta sexta-feira (15), o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, afirmou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ser adiado, mas que é cedo para ter essa discussão. Ele garantiu, também, que a prova será aplicada.

 
“Essa discussão (sobre o adiamento) é prematura. Precisamos saber, primeiro, quando e em que condições vamos retornar às aulas”, explica o presidente. “Se formos mudar a data, essa tem que ser uma discussão um pouco mais serena e uma discussão para o futuro.  De todos os pedidos que eu recebi (para adiar o Exame), nenhum propôs um novo dia”, acrescenta.

Lopes explica que, para a aplicação do Exame em novembro, é necessário publicar edital para regulamentar todos os processos administrativos. “Não se faz Enem de um dia para o outro. Só para imprimir as provas, são 45 dias. A partir do momento em que a gente estiver com tudo pronto para a aplicação da prova, podemos discutir a data”, afirmou. “O que nós garantimos é que vai ter Enem.”

Na avaliação da presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave) e ex-secretária de Educação do estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães, que também participou da live, falta comunicação (do Instituto) no sentido de acolher dificuldades que os estudantes estão passando neste momento.

“Todo mundo está sofrendo. Alguns (estudantes) estão passando por situações familiares muito difíceis, uns por questão de saúde, outros por renda ou porque não conseguem ter acesso a materiais de estudo. Isso cria uma angústia que dificulta muito a vida desses alunos.”

Enem digital


Na ocasião, Lopes também falou sobre o Enem digital, que será aplicado pela primeira vez este ano. De acordo com o presidente do Inep, o modelo traz uma série de vantagens, como a aplicação de “itens melhores”. Ele explicou, porém, que, por enquanto, a prova digital será uma reprodução da impressa, já que ela está sendo implementada gradualmente para parte dos estudantes. A ideia é que em 2026 todas as provas passem a ser resolvidas pelo computador.  

Outra vantagem, de acordo com Lopes, é a possibilidade de aplicação em várias datas ao longo do ano. “O aluno vai escolher quando ele quer fazer a prova”, explica. “No futuro, a gente pode abrir a possibilidade de ele fazer várias (provas) ao longo do ano e escolher a melhor nota.”

Segundo Maria Helena, é importante que o Inep observe o modelo de outras nações e considere as desigualdades sociais do país para que nenhum estudante seja prejudicado.  “Até hoje, o SAT (exame educacional que serve de critério para admissão em universidades norte-americanas) tem prova em lápis e papel para aqueles alunos que não têm condições de fazer uma prova on-line”, exemplifica. “Eu chamo atenção para esse ponto.”
 

Novo Saeb

Quando questionado sobre o novo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que passa a ser anual e pode ser utilizado como forma de ingresso no ensino superior, Lopes esclareceu que o Enem seriado (Saeb aplicado aos estudantes do ensino médio) não substituirá o Exame tradicional. “O Enem nunca vai deixar de existir, porque ele tem um público próprio.”

É o caso dos candidatos que já concluíram o ensino médio, que correspondem a mais da metade dos participantes do Enem. Lopes explicou, ainda, que o novo Saeb tem objetivo pedagógico. “A ideia é levar a cultura avaliativa para dentro da família e para as escolas de uma forma mais efetiva e intensa do que é feito hoje.”

De acordo com o presidente, com o novo formato, as famílias podem acompanhar o desempenho das crianças e adolescentes na escola a cada ano, e as instituições de ensino, por sua vez, podem fazer um planejamento anual de acordo com a avaliação do Saeb.

*Estagiária sob supervisão de Ana Sá