Em entrevista, na tarde desta segunda-feira (11), o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, defendeu o movimento #AdiaEnem. Na ocasião, ele afirmou que a suspensão do calendário do Exame é “bem possível”, mas que a iniciativa não deve partir do Ministério da Educação (MEC).
“Acho que temos chances, porque a sociedade está muito mobilizada em relação a esse tema.” Iago lembra que há dezenas de projetos para adiar a prova tramitando no Congresso Nacional. Outra alternativa, segundo o estudante, é recorrer à Justiça.
“Todos os setores da sociedade estão se posicionando a favor do adiamento. Só o MEC não se abre para o diálogo e insiste em uma posição que vai prejudicar os estudantes mais pobres”, diz. “É uma falta de sensibilidade tremenda”, acrescenta. “O mundo inteiro está cancelando eventos. As olimpíadas foram adiadas, as principais provas de países desenvolvidos tiveram data alterada. Aqui no Brasil, a gente tem um ministro da Educação totalmente sem noção, que não observa esses detalhes tão importantes.”
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De acordo com o presidente da UNE, o movimento #AdiaEnem é uma luta por justiça social. Ele lembra que a maioria dos estudantes da periferia não tem livros nem internet em casa. “A gente viu imagens de jovens que estudavam ao lado da mãe cozinhando, porque a única mesa que eles têm é a da cozinha”, conta. Iago defende que o Enem seja adiado para que os alunos que não têm condição de estudar em casa e estão sendo prejudicados pela suspensão das aulas tenham mais tempo para se preparar assim que as escolas reabrirem.
“(O #AdiaEnem) é nossa pauta mais urgente. Os jovens mais pobres que estão vendo o governo manter a data estão totalmente indignados, mas, mais do que isso, estão apavorados.” Ele reforça que a pressão popular é muito importante. “Quanto mais apelo popular tiver, melhor a gente se posiciona para conseguir esse adiamento”, afirma.
A Une e a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) fizeram uma petição on-line pelo adiamento do Enem. O abaixo-assinado tem mais de 150 mil assinaturas e pode ser acessado pelo link.