Uma aula especial, ocorrida em 14 de setembro, trouxe sopro de conhecimento e possibilidades para estudantes do Distrito Federal que farão provas do Enem deste ano. A ocasião marcou a inauguração do programa Enem Inclusivo e Especial, preparatório exclusivo para candidatos com deficiência, lançado pela Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (Subin) da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF). No evento, professores voluntários deram dicas de preparação, tiraram dúvidas e explicaram como funcionam os recursos de acessibilidade do exame.
Daqui para frente, os encontros, gratuitos, ocorrerão semanalmente, nas manhãs de sábado. A sede das atividades é a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), que fica no câmpus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB). Os encontros vão até o dia da prova, em 3 e 10 de novembro, e ainda há vagas.
Inclusão
A ideia de criar o cursinho surgiu após a subsecretária de educação inclusiva e integral, Vera Barros, participar do lançamento de outro programa promovido pelo SEEDF, o Mais Enem, que também trabalha na preparação para o exame, com grupos de alunos de escolas públicas. Ela percebeu a urgência do trabalho com esses jovens quando viu que só havia um estudante com deficiência participando do Mais Enem. ;No terceiro ano do ensino médio, temos 597 alunos especiais. Eu não conseguia entender como, entre esse tanto de gente, só tínhamos um participando;, lembra ela.
[SAIBAMAIS]
Vera espera que o preparatório abra diversos caminhos para pessoas com deficiência. ;O objetivo é mostrar que as possibilidades são iguais a qualquer um. A pessoa sai daqui e tem toda a condição de ir para a universidade ou enfrentar o mercado de trabalho. Só o que falta é esse incentivo, para que eles possam enxergar que podem fazer de tudo;, comenta, orgulhosa do trabalho.
Seleção
O projeto foi todo pensado em apenas 20 dias. Com um prazo curto, a subsecretaria teve que definir alguns parâmetros de seleção dos alunos. Puderam participar estudantes do terceiro ano do ensino médio que se inscreveram no exame e estão matriculados nas regionais de ensino do Plano Piloto, Guará, Núcleo Bandeirante, São Sebastião, Riacho Fundo, Taguatinga e Paranoá. Das 50 vagas ofertadas, 34 foram preenchidas. O objetivo é que, a partir do ano que vem, o projeto seja expandido. ;Nós vamos de forma massiva para as escolas já no início do ano. Queremos conversar com as famílias e, com os estudantes, fazer as inscrições;, projeta Vera.
Estudante do terceiro ano do ensino médio, Luis Felipe Lima, 17, acredita que o curso vai complementar a preparação que já faz dentro e fora da sala de aula. ;Eu pesquiso muito na internet, assisto a documentários e consigo gravar bem o que os professores falam. Espero que, com isso aqui, consiga melhorar nas minhas aplicações e para tirar uma nota boa;, conta ele, que sonha com uma vaga em um curso de jornalismo.
Interessados nas 16 vagas remanescentes ainda podem se inscrever. Para isso, basta procurar uma das regionais de ensino envolvidas.
Construção coletiva
O programa foi construído à base de trabalho voluntário. Durante as aulas, os alunos terão o apoio de professores, monitores e técnicos que se dispuseram a participar de forma gratuita. A Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) cedeu as instalações para as aulas. O diretor executivo da instituição, Armando de Azevedo, espera da parceria uma troca. ;Hoje, a gente cede esse espaço para, daqui a alguns anos, essas pessoas estarem aqui, na universidade, desenvolvendo pesquisas conosco.;
Também estiveram presentes no evento mães e pais de alunos que participarão do programa. Mãe da estudante do Centro de Ensino Médio Elefante Branco Beatriz Ferreira, Joice Ferreira diz que o apoio da família é fundamental para quebrar as barreiras do preconceito e a falta de oportunidades. ;É o começo do caminho das pedras. Como o jovem vai se sentir incluído na sociedade se os próprios pais não conseguem fazer isso dentro de casa?;, questiona ela.
* Estagiária sob supervisão de Jairo Macedo