Jornal Correio Braziliense

Enem

Conhecimento e estratégia em matemática

Durante a prova, desapeque das questões mais difíceis e privilegie o assunto de seu domínio

Paulo Luiz
Professor de matemática do Centro Educacional Sigma
As questões objetivas da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são divididas em quatro áreas de conhecimento, uma das quais é matemática e suas tecnologias. Por ser o único caso em que uma única disciplina corresponde a uma área de conhecimento, um bom domínio de seus conteúdos tem grande influência no resultado final a ser alcançado. Além disso, o conhecimento dessa disciplina influencia diretamente o desempenho na prova de ciências da natureza e suas tecnologias. Esta, composta por física, química e biologia, tem a matemática como pré-requisito para resolução de várias questões. Fazer uma boa prova no Enem exige, além do conhecimento específico da matéria, uma estratégia que permita resolvê-la de modo tranquilo

Uma característica da prova do Enem é a presença de textos motivadores, ou seja, informações que contextualizam uma situação concreta, mostrando que a matemática pode ser vista em situações reais do cotidiano. Isso vai ao encontro da matriz de habilidades e competências do exame, na qual os conteúdos são cobrados de modo interligado às habilidades que, espera-se, o aluno tenha desenvolvido no estudo da disciplina. Por esse motivo, pode-se dizer que a matemática cobrada no Enem é, prioritariamente, básica e focada em assuntos da grade curricular do final do ensino fundamental e do início do ensino médio.

Nas edições mais recentes do exame, os temas mais cobrados foram proporcionalidade, porcentagem, geometria plana, geometria espacial, funções e leitura de gráficos. Em termos gerais, cada exercício cobra apenas uma habilidade. Porém, é possível que figurem na prova questões que exijam mais de um conteúdo simultaneamente. Por exemplo, quando associam o cálculo de áreas e volumes com proporcionalidade ou a ideia de porcentagem ligada a gráficos ou funções. Os itens da prova avaliam habilidades em diferentes níveis, partindo das mais simples, ao exigir do aluno o reconhecimento de elementos, até as mais complexas, ao inferir e propor soluções a partir das informações apresentadas.

Além do domínio das matérias, os candidatos têm o desafio de administrar o tempo a seu favor. No dia da aplicação de matemática e suas tecnologias, são cinco horas de prova para 90 questões ao todo (incluindo ciências da natureza). Não são raros os casos em que alunos bem preparados no que se refere à matéria acabam em desvantagem por não conseguirem terminar todas as questões dentro do prazo. É importante saber que cada problema proposto pelo exame deve ser resolvido, em média, em até três minutos - um tempo que pode não ser suficiente, caso você não tenha se preparado para isso. Nesta reta final, o ideal é que o foco seja a resolução das últimas provas do Enem, sempre em condições semelhantes ao grande dia: local calmo, celular desligado e tempo cronometrado. Esse tipo de experiência auxilia no controle do tempo de prova, além de mostrar, após a correção, os assuntos que devem ser priorizados nos estudos.

Outro ponto a ser lembrado é a impossibilidade do uso de calculadora durante a prova, o que influencia diretamente no tempo gasto em cada um dos itens. Essa é a razão pela qual alunos e candidatos ao Enem devem abandonar o uso do dispositivo na resolução de contas em seu dia a dia, como também em sua rotina de estudos. Por isso, se você é candidato e tem dificuldade nas operações básicas, separe um tempo considerável para o desenvolvimento dessas habilidades, pois é certo que encontrará contas com frações, números decimais, potências, produtos e divisões com números de quatro ou mais algarismos. O fato de ciências da natureza e matemática ocorrerem no mesmo dia agrava ainda mais essa situação.

Durante a prova, desapegue de questões mais complexas. Ao encontrá-las, por mais que seja um assunto de domínio do candidato, ela tomará tempo. O mais sábio é sinalizar essa questão e seguir para a próxima, voltando a ela assim que terminar todas as demandas fáceis e médias. O cansaço gerado por questões trabalhosas no início da prova pode acarretar atraso nas resoluções das questões à frente, dificultando o acerto de itens fáceis.

Vale lembrar que, na última edição do exame, algumas questões vieram um pouco mais trabalhosas e exigiram mais raciocínio dos candidatos, tendência que deve permanecer nessa edição. Por esse motivo, o foco deve ser o controle do tempo e a precisão nas contas básicas, abrindo espaço para pensar nas questões mais elaboradas da prova. Bons estudos e ótima prova!