O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) criticou, nesta segunda-feira (5), uma questão presente na prova de linguagens, códigos e suas tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicada ontem (4). A questão tratava do pajubá, linguagem utilizada pelas travestis e gays, que traz referências de origem africana. Descrito na prova como um ;dialeto secreto;, o pajubá, vindo do iorubá, ganhou espaço como forma de comunicação dentro de um grupo social e assim foi abordado. "Uma questão de prova que entra na dialética, na linguagem secreta de travesti, não tem nada a ver, não mede conhecimento nenhum. A não ser obrigar para que no futuro a garotada se interesse mais por esse assunto;, disse Bolsonaro em em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da Band.
[SAIBAMAIS]
Na entrevista, o presidente eleito negou a intenção de acabar com o exame, mas afirma que o Enem ;não tratará os assuntos dessa forma; e que, em seu governo, não ficará ;divagando sobre questões menores;. "Tem que cobrar o que realmente tem a ver com a história e a cultura do Brasil, não com uma questão específica dos LGBT. Parece que há uma supervalorização de quem nasceu assim;, afirmou.
Pelo Twitter, Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente eleito, também opinou. ;Aviso que não é requisito para ser ministro da educação saber sobre dicionário de travestis ou feminismo;, ironizou.
Professores aprovam
Considerada como a questão mais polêmica da prova, a pergunta n; 31 do caderno amarelo abordou a linguagem típica entre gays e travestis, fazendo uma relação direta com uma linguagem de matriz africana. Segundo Camila Souza, professora de filosofia e sociologia do Sistema Positivo de Ensino, esses são dois temas que normalmente geram bastante discordância e até rejeição de determinados grupos. ;São temas que, dependendo da falta de compreensão da pessoa, ela pode responder baseada em estereótipos e não em conhecimento científico nem na base do texto apresentado para ela.;
Para a professora, a questão foi muito bem elaborada, deixando claro o foco na diferenciação de dialeto enquanto elemento linguístico. A professora de língua portuguesa, Lucienne Lautenschlager, conta que, do ponto de vista técnico, a resposta correta seria aquela que afirma que o Pajubá ganha status de dialeto, ;especialmente por ser consolidado por objetos formais de registro;.