Jornal Correio Braziliense

Enem

Compartilhando conhecimento e experiências

Jovens secundaristas agregam milhares de seguidores com studygrams, perfis nas redes sociais dedicados a resumos, tabelas e planos de estudos para Enem e vestibulares

Pelas redes sociais, arte e estudos também se misturam. Cresce no Instagram a presença dos chamados studygrams, formato que começou na Ásia, espalhou-se pelo mundo e chegou ao Brasil. São jovens de 12 a 19 anos que, em vias de enfrentar vestibulares e Enem, organizam seus resumos, dicas, tabelas de memorização e planos de estudos com capricho estético e organização impecável. Multicoloridos, os studygrams arriscam-se em letterings caseiros que situam os seus estudos pessoais e, de quebra, ainda servem àqueles que os seguem na rede. Alguns perfis têm mais de 100 mil seguidores e há até quem estabeleça, paralelo aos estudos, parcerias com empresas de material escolar e desenho.
Laura Kroeff, 17 anos, é uma das adeptas da junção entre estudos e Instagram. Cursando o terceiro ano do ensino médio e pronta para vestibulares e Enem, a catarinense encontrou contas de estudantes como ela. Segui-las, percebeu ela, servia ;para me motivar a estudar mais também;. ;Antes de criar meu próprio studygram, eu não tinha toda essa motivação que tenho hoje em dia. Para produzir o conteúdo, tenho que realmente estudar. Então, ao mesmo tempo em que me preparo, faço meus resumos e acabo ajudando e motivando meus seguidores também;, conta ela.
O studygram de Lara Wanser (@resumeasy), 19, foi decisivo nas suas escolhas e acesso ao ensino superior. ;Estudava sozinha em casa e era difícil me manter ativa por conta das distrações. ;Então, comecei a mudar meu pensamento sobre a aprendizagem, percebi que pode ser legal e divertida após encontrarmos o método ideal de estudo.;
Em menos de uma semana de existência, o perfil dela já tinha mil seguidores e, alguns meses depois, ela já era convidada para programas de TV e reportagens. Hoje, ela cursa publicidade e propaganda, que escolheu ;justamente por causa do meu trabalho no Resumeasy. E também por conta das amplas opções no mercado de trabalho, envolvendo criação de ideias, uso de criatividade e comunicação, que é o que realmente gosto de fazer.; Atualmente, ela faz palestras para ensino médio, nas quais fala da sua evolução e técnicas, além de comercializar a produção de resumos e mapas mentais para diversas disciplinas.

Apoio mútuo

Após um ano de produção, Laura Kroeff (@studytiips) alcançou mais de 100 mil seguidores, que buscam o mesmo incentivo e conteúdo que ela um dia encontrou na rede. ;Recebo muitos feedbacks positivos de gente agradecendo por ajudá-las a ir bem na escola e a atingirem seus objetivos.;
Thaís Lopes, 18, também encontrou nos studygrams um modo de compartilhar. ;Sempre gostei de fazer esses resumos mais elaborados. As cores e os desenhos me ajudam a absorver melhor o conteúdo;, afirma. ;Quando começaram a surgir os studygrams, eu tive vontade de ter o meu, para poder auxiliar outras pessoas e para ;não deixar a peteca cair;, me manter focada na escola, nos estudos.;
Em seis meses de existência, o perfil de Thaís (@studies.t) angariou mais de 70 mil seguidores, que interagem diariamente com ela. ;A troca pessoal é muito legal. A nova ferramenta de perguntas do Instagram ajuda bastante nessa interação, e a galera sempre me dá um feedback muito bom, falam o que curtiram, o que não curtiram, elogiam, me pedem dicas e conselhos.;

Resumos para o Enem


Apaixonado pelo mundo de possibilidades estéticas que uma visita às papelarias proporciona, o paulista Felipe Almeida, 17, tornou-se um dos poucos meninos a se arriscar nos studygrams. ;Tem poucos meninos mesmo, o motivo eu não sei!”, lamenta. De todo modo, a criação de seu perfil pessoal (@_studymed) o encanta em todas as frentes: um misto de estudos, diversão e interatividade. ;O studygram entrou na minha vida me ajudando muito. Todos os meus amigos e professores conhecem e gostam. Não tinha noção da proporção que tomaria.;
Ele também quer fazer medicina e, após duas edições como treineiro, fará o Enem para valer pela primeira vez. ;Como faço desde o 1; ano do ensino médio, não fico nervoso nem com medo. Já sei como é a metodologia e o estilo da prova. O exame não é fácil, mas nada que um bom ano de estudo não garanta sua aprovação;, afirma ele, cuja maior preocupação está nas provas de matemática e ciências da natureza. ;Me preocupo com as ciências exatas. Sempre tive mais dificuldade em matemática e física!”
O público do Enem procura conteúdos que organizem e encurtem os caminhos para tanta matéria. ;Eles gosta de material bem resumido. Costumo sempre postar nos meus stories, ou no meu feed mesmo, post its com a matéria ;enxugada;, o que ajuda muitos a relembrar o conteúdo. Também dou dicas sobre como controlar a ansiedade e montar cronogramas.;
Ana Beatriz Mélem (@studybmg), 16, é treineira e busca o aperfeiçoamento. ;Minha meta é aumentar a nota, principalmente em redação e matemática, além de adquirir mais experiência.; Para o Enem, seus seguidores buscam posts de redação, química e matemática. ;Sempre que os publicos, atingem um número de pessoas enorme, muitas curtidas, comentários e compartilhamentos.;
Thaís Lopes tem planos de se mudar para Portugal e quer usar a nota do Enem para ingressar numa faculdade por lá. ;Minha preparação é quase toda baseada em resolução de exercícios. ;Percebo diferenças entre Enem e vestibulares. O exame costuma ter uma prova mais cansativa, com muitos textos;, acrescenta Laura Kroeff.