Jornal Correio Braziliense

Enem

Oficina de interpretação e gramática propôs um mergulho nos textos do Enem

Ministrada pela professora Dad Squarisi, atividade ocorrida nesta terça-feira (16) mostrou os erros mais recorrentes dos candidatos na prova

O Especial Enem do Correio realizou, nesta terça-feira (16), mais uma atividade presencial para quem vai fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A segunda oficina de Dad Squarisi tratou, desta vez, de interpretação de texto e gramática. Para um auditório lotado, a professora e editora de Opinião do jornal falou sobre as dúvidas e os erros mais comuns dos candidatos. Ao longo de três horas, a atividade propôs longa reflexão sobre os textos do exame. Ou, nas palavras da professora, ;um mergulho;.
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Para alcançar grande desempenho no exame, garante ela, não vale ter preguiça de ler nem escrever. Apenas o treino da leitura e escrita garantem ao candidato a desenvoltura para encontrar o explícito e implícito em um texto. ;Não tenham preguiça de voltar ao texto. Retorne a ele quantas vezes for preciso. Mergulhem nele e sairão com bons resultados. Numa primeira leitura, estamos à superfície do texto. Ao mergulhar, começamos a analisá-lo.;

Tópico frasal e parágrafo

Na ocasião, Dad Squarisi preparou oito textos para serem lidos e relidos. Eles serviram como base para diversas questões de múltipla escolha, nunca perdendo de vista conceitos básicos como o de parágrafo e tópico frasal. ;O parágrafo é uma unidade de composição. Ele desenvolve uma ideia. Por isso, não há parágrafo de uma frase só. Precisa ter pelo menos duas frases, uma de introdução e outra de desenvolvimento;, explica.

O tópico frasal, embora não obrigatório, figura em 85% das frases em língua portuguesa. ;A partir do tópico, desenvolve-se o texto. Em geral, ele aparece na primeira ou segunda frase;, afirma a professora. Para uma prova que envolve 90 questões objetivas por dia, nada melhor do que notar os tópicos frasais logo de saída, de modo a intuir o sentido do texto e encurtar o tempo gasto.

Mesmo tendo uma mãe escritora e não encontrando maiores dificuldades em português, Felipe Roscoe, 16 anos, compareceu à oficina, disposto a aprender muito mais. ;Você sempre pode melhorar e a Dad tem um repertório muito bom;, afirma. Ele está no 2; ano e se prepara para o PAS/ UnB. ;A redação é um pouco diferente do Enem, porque tem esse lado da interpretação, e a oficina ajuda muito nisso.;

Erros mais comuns


;Tenho dificuldade com português, principalmente com a parte gramatical;, afirma Emanuely Lucena, 15, aluna do 9; ano no Centro de Ensino Fundamental 413 de Samambaia. Ela adianta-se e, mesmo não fazendo o Enem em 2018, encontrou na oficina um modo de ficar por dentro, desde já, do que mais se erra no exame.

A partir de levantamento detalhado sobre os erros gramaticais mais comuns, a professora Dad esclareceu os pecados da língua portuguesa a serem evitados. Não há mistérios, segundo a professora. O emprego dos termos ;onde; e ;aonde;, por exemplo, é o erro mais recorrente. Para explicar a diferença, ela usou o célebre poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias (;Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabiá;). ;O ;onde; é o mais comum e indica lugar. Se pergunto onde você mora, a resposta será sempre um local físico, palpável. O ;aonde; depende da regência do verbo. Para usá-lo, é preciso que o verbo sugira movimento e precise de preposição;, explica.

A concordância dos verbos ;fazer; e ;haver;, quando se referem a tempo, é outra dúvida que confunde os secundaristas. Afinal, o correto é ;fazem 300 anos; ou ;faz 300 anos;? ;O verbo fazer, na contagem de tempo, é sempre impessoal. Por exemplo: ;Faz duas horas que chegamos aqui.; Isso muita gente boa erra;, explica Dad. O uso de parênteses e travessões também foi abordado. ;Os parênteses têm a função de dizer para o leitor algo que é função secundária. Se quiser realçar, usaria travessões;, sintetizou.
O caso da dúvida entre ;isto; e ;isso; também é de fácil assimilação. ;O primeiro anuncia o futuro, enquanto o segundo retoma o que foi dito anteriormente;, elucida a professora. A estudante Yasmin de Souza, 15, já se preocupa com os vestibulares mesmo estando no 1; ano do ensino médio. ;O PAS e o Enem estão chegando e a interpretação de texto não serve só para português e, sim, para todas as matérias;, diz. Para ela, valeu ter vindo participar da aula. ;Aprendi a analisar melhor os textos;, destaca. A amiga dela, Samia Soares, 15 anos, também no 1; ano, afirma que esclareceu muitas dúvidas. ;Tenho muita dificuldade em interpretação de texto, acho que isso ;pega; na hora de responder às questões. O português tem muitas regras e a Dad explicou várias delas, como o uso dos porquês, crase, acho que isso vai ajudar bastante;, afirma.


Eterno retorno aos estudos


O apaixonado pela língua portuguesa Paulo Gobbi, 49, não perde uma oportunidade de aprender mais sobre o idioma. ;Inclusive, eu gostaria que houvesse um curso regular de português de qualidade na cidade. Sou fã da Dad;, afirma o administrador de empresas. ;Português é imprescindível, não adianta a pessoa se preparar para concurso, para a vida profissional e ter problema na língua;, completa.

O gestor ambiental Márcio Santos, 35, não está se preparando para o Enem, mas viu na oficina uma oportunidade de tirar dúvidas de português para concursos públicos. ;Português é muito importante em qualquer prova que você for fazer. Então qualquer coisa que você fizer para se preparar é válido;, diz.

Elaine Aparecida, 41, só conhecia a Dad Squarisi pelas páginas do jornal. ;Eu vim porque queria conhecer a professora e, aqui, tenho pretensão de voltar aos estudos;, conta. ;Tenho vontade de passar em uma universidade federal, mas, como estou sem trabalhar, estou vendo as oportunidades que vão aparecer.; Seja como for, Elaine destaca que o aprendizado recebido na oficina será muito útil. ;A aula foi nota 10, me surpreendeu muito. Ela é um amor de pessoa.;
A jovem Isabelle Siqueira, 19, também está recomeçando. Recentemente, ela resolveu trancar o curso de engenharia florestal na Universidade de Brasília (UnB), no qual não estava encontrando felicidade. Hoje, ela se dedica novamente ao Enem e está confiante. ;Faço simulados e reviso os conteúdos. Tenho mais facilidade em exatas e mais dificuldade em humanas;, relata. Para ela, praticar interpretação de texto e gramática é muito importante pelo grande peso que esses temas têm na prova. ;A oficina vai ajudar a compreender o texto e a fazer uma boa leitura. São 45 questões só disso. Então, temos que saber como fazer isso. Muita gente tem dificuldade em saber o que a questão quer;, destaca.