Jornal Correio Braziliense

Enem

Ano eleitoral e conflitos sociais influenciarão prova de humanas

Paulo Macedo e Erik Surjan participaram de live do Especial do Correio. Para eles, abordagem do exame privilegia temas como

Nesta terça-feira (18), as lives semanais do Especial Enem do Correio deram espaço para a ;turma de humanas;. Erik Surjan e Paulo Macedo, professores de história e geografia, respectivamente, discorreram sobre a participação de suas disciplinas nas 45 questões de ciências humanas e suas tecnologias ; que incluem, ainda, filosofia e sociologia. Para os docentes do Centro Educacional Sigma, é fundamental estar ligado nos assuntos da atualidade e saber relacioná-los com os temas do ensino médio. Em tempos de eleição e ânimos acirrados nas redes sociais, o que é debatido por aí certamente terá espaço no exame.
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;São temas fortes não só em ciências humanas, mas redação também. Eles propõem a reflexão. A leitura do candidato precisa ser ampla, buscando conhecimento. Não é só conteúdo de sala de aula;, avalia Paulo Macedo. Para ele, o exame vem crescendo em qualidade e exigência, e a edição de 2017 deu claros indicativos de que a ascensão prosseguirá. ;O nível de dificuldade aumenta a cada ano. Pelo que vimos na prova passada, será mais conteudista, sem deixar de lado a tradição de temas sociais, como os direitos dos indígena e dos negros;, exemplificou. ;São assuntos que marcam muito a história brasileira.;

Competências

Erik Surjan concorda com o colega. O professor de geografia destaca que o Enem é pensado em termos de habilidades e competências, cabendo aos alunos se adequarem às particularidades do exame. ;O estudante deve desenvolver a leitura e treinar as questões, descobrindo o ritmo e velocidade para não se perder na prova. O treino constante é necessário e fará com que os candidatos tenham melhores desempenhos.;

Diferente de alguns vestibulares tradicionais, as perguntas diretas, "cruas", são raras no exame. Paulo Macedo explica o motivo, tomando a Universidade de Brasília (UnB) como exemplo: ;O vestibular da UnB vem com um modelo, a partir do qual você julga se a sentença está correta ou errada. No Enem, a questão vem com textos, informações gráficas e outros elementos. O aluno tem que julgar o que se enquadra melhor como continuidade da sentença;. No caso de geografia, ressalta ele, há ampla aplicação de gráficos, tabelas, dados estatísticos e outras informações. ;São habilidades amplas que, muitas vezes, não se encontra em outros modelos de prova.;

Além disso, os docentes alertam para a amplitude de conteúdo do exame, que cobra conteúdos de todo o ensino médio. Nada escapa ao Enem. No Programa de Avaliação Seriada (PAS) da UnB, por exemplo, as cobranças envolvem apenas a série que o candidato está cursando. ;No exame, é tudo mais amplo. Por isso, o aluno do Distrito Federal, às vezes, sente uma estranheza. Eles têm que treinar bastante, com foco no exame, para se adaptar;, diz Erik.

Atualidades influenciam

Perguntado sobre como o que está em pauta no debate público pode incidir nas provas, os professores ponderaram. Eles garantem que não há chances de temas recentíssimos, como o incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro, constarem nas questões. Não há tempo hábil para essa possibilidade. As 180 questões são testadas e calibradas com considerável antecipação.

Mas, afinal, quais os assuntos do noticiário que podem constar no Enem? ;Sem dúvida, a questão dos refugiados é tema sobre o qual precisamos ter atenção. Afeta diretamente o Brasil. Cerca de 150 mil venezuelanos vieram para o país e há consequências sociais nas áreas que estão recebendo essas pessoas. Houve atritos, conflitos, pessoas morando na rua de forma degradante, então precisamos de um olhar mais atencioso com essas pessoas;, afirmou Paulo Macedo. O debate sobre refugiados se espalha pelo mundo. ;Nos EUA, a imigração também sempre gerou discussão, mas agora, com o governo Trump, há grande alarde pelo modo como ele se manifesta. Na Europa, foi uma fator decisivo para o Brexit, a gota d;água na decisão.;
As atualidades também influenciam itens sobre meio ambiente, outro tema clássico em geografia. "No Brasil, voltamos a ter problemas hídricos, falta de água potável e desmatamento. Vi no Correio que a ararinha azul sumiu da natureza, está apenas em cativeiro. Dados como esse servem como gancho para tratar do assunto", exemplifica. Urbanização e mobilidade também são temas recorrentes. "Em Brasília, há aumento do número de ciclovias como uma das saídas para deslocamento e isso se repete em outras localidades."
Para Erik Surjan, a sua disciplina tende a manter atenção maior na história do Brasil. Sendo um ano eleitoral, há maiores chances de questões sobre regimes de governo e democracia. ;É interessante estudar a ditadura civil-militar brasileira, que cai sempre. Vale também o período da primeira república, Era Vargas e a questão da escravidão no país. Aposto que vai cair redemocratização.; Em termos internacionais, a história no Enem recorre sempre à Antiguidade e História Medieval. ;Antiguidade oriental não cai desde 2010, o foco é mais no mundo ocidental.;