Jornal Correio Braziliense

Enem

Um local calmo, celular desligado e tempo cronometrado

A prova do Enem é dividida em quatro áreas de conhecimento, uma das quais é matemática e suas tecnologias. Por ser o único caso em que uma só disciplina corresponde a uma área de conhecimento inteira, um bom domínio de seus conteúdos tem grande peso no resultado a ser alcançado. Além disso, o conhecimento dessa disciplina também influencia diretamente o desempenho nas questões de ciências da natureza (composta por física, biologia e química), por ser um pré-requisito para ela.

Uma característica da prova é a presença de textos motivadores, ou seja, uma abertura que contextualiza situações concretas, mostrando que a matemática pode ser vista e aplicada em contextos reais. Isso vai ao encontro da matriz de habilidades e competências do exame, na qual os temas são cobrados de modo interligado às habilidades que o aluno tenha desenvolvido no estudo da disciplina. Por esse motivo, a matemática cobrada no Enem é, prioritariamente, básica, focada em assuntos da grade curricular dos últimos anos do ensino fundamental e do início do ensino médio.

Nas últimas edições, os conteúdos mais cobrados foram proporcionalidade, porcentagem, geometria plana, geometria espacial, funções e leitura de gráficos. Em geral, cada exercício cobra apenas uma habilidade. Porém, é possível que seja cobrado mais de um conteúdo simultaneamente, como quando associam o cálculo de áreas e volumes com proporcionalidade ou, ainda, a ideia de porcentagem ligada a gráficos ou funções. Os itens do exame avaliam habilidades em diferentes níveis, partindo das mais simples, que exigem do aluno o reconhecimento de elementos, até as mais complexas, que propõem soluções a partir das informações apresentadas.

Além do domínio das matérias, os candidatos têm o desafio de administrar o tempo a seu favor. Não são raros os casos em que alunos bem preparados em relação ao conteúdo terminam em desvantagem por não conseguirem resolver todas as questões a tempo. É importante saber que cada questão deve ser resolvida, em média, em até três minutos, um tempo que pode não ser suficiente, caso você não tenha se preparado para isso. Nessa reta final, o ideal é que o foco seja a resolução das últimas provas do Enem, em condições semelhantes ao grande dia: local calmo, celular desligado e tempo cronometrado. Esse tipo de experiência auxilia no controle do tempo disponível de cinco horas, além de mostrar, após a correção, os assuntos que devem ser priorizados nos estudos.

Outro ponto a ser lembrado é a impossibilidade do uso de calculadora durante a prova, o que influencia diretamente o tempo gasto em cada um dos itens. Essa é a razão pela qual os candidatos devem abandonar o uso da ferramenta eletrônica na resolução de contas em seu dia a dia, como também em sua rotina de estudos. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, sigla em inglês) de 2015, 70,25% dos estudantes brasileiros estão abaixo do nível básico de proficiência em matemática. Por isso, se você é candidato e tem dificuldade nas operações básicas, separe um tempo considerável para o desenvolvimento dessas habilidades, pois é certo que encontrará contas com frações, números decimais, potências e produtos e divisões com números de quatro ou mais algarismos. Esse aspecto é negligenciado por muitos que se preocupam em ;vencer; o conteúdo, e não levam em consideração a importância da agilidade e precisão dos cálculos. Como se não bastasse, as matérias de ciências da natureza e suas tecnologias são aplicadas no mesmo dia, o que aumenta a necessidade de administração do tempo.

Durante a resolução, desapegue de questões mais complexas. Ao encontrá-las, por mais que seja um assunto de domínio do candidato, ela tomará tempo. O mais sábio é sinalizar essa questão e seguir para a próxima, voltando a ela assim que terminar todo conteúdo fácil e médio. O cansaço gerado por questões trabalhosas no início da prova pode acarretar atraso nas resoluções dos itens seguintes, dificultando o acerto de itens fáceis.

Vale lembrar que, no Enem 2017, algumas questões vieram um pouco mais trabalhosas e exigiram mais raciocínio dos candidatos, uma tendência que deve permanecer nessa edição. Por esse motivo, o foco deve ser o controle do tempo e a precisão nas contas básicas, abrindo espaço para pensar nas perguntas mais elaboradas. Fazer uma boa prova exige, além do conhecimento específico da matéria, uma estratégia que lhe permita completá-la de modo tranquilo.

Bons estudos e ótima prova!

* Artigo produzido pelo professor de matemática do Centro Educacional Sigma