Jornal Correio Braziliense

Enem

Treino para ler, escrever e não enlouquecer

Professora Ângela Miranda participou de live do Especial Enem e deu dicas sobre linguagens e redação. A um mês do exame, preparação adequada garante boa redação e ganho de tempo durante o exame, garante ela

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É preciso treino e experiência para se sair bem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). É o que garantiu a convidada da vez na live desta segunda-feira (9), a professora do Centro Educacional Sigma Ângela Miranda. Ela esteve ao vivo com a apresentadora Lanna Silveira e discutiu, junto aos internautas, os temas mais recorrentes e os métodos para não se perder com tanta informação na cabeça durante a prova.


;Os conteúdos do Enem não são difíceis, mas o exame se torna complicado porque é longo e traz muitos textos. Todo aluno sai exaurido da avaliação;, sintetizou a professora de português e redação. Em 2017, a área de linguagens está marcada para o primeiro dia, 5 de novembro, mesma ocasião em que será aplicado o exame de ciências humanas e suas tecnologias. São 5h30 para 90 questões e mais a redação.


Treino e escrita

Para uma boa redação, é preciso conhecer a língua. Não se trata de memorização de modelos ou termos, mas a capacidade de associá-los na leitura e na escrita. ;No Enem, a cobrança de gramática está intimamente relacionada ao texto das questões e na redação.;


Mais que isso, o processo de preparação exige conhecimento dos temas da atualidade e muito exercício. ;Se você quer escrever bem, tem que treinar. Não existe dom nem segredo;, diz Ângela Miranda. ;Leitura para que você tenha argumentos e treino a fim de não tornar a argumentação conturbada. Às vezes, o aluno até lê bastante, mas falta a habilidade de colocar o conhecimento no papel.;


Tal prática garante não só uma dissertação bem realizada, mas também ganho considerável de tempo. ;Desenvolve a rapidez do raciocínio. Concentre-se, leia, respire fundo e vá devagarinho. Se você estudou e treinou, achará fácil lá no dia;, diz.


Variação linguística

Há muito o que estudar, mas calma, vai dar tudo certo. Organize os estudos, estabeleça prioridade e ritmo de treino e tudo sairá bem, garantiu a professora na live. Para a área de linguagens, ela elenca os conteúdos que nunca deixam de figurar no exame: ;A um mês da prova, é preciso focar em funções da linguagem, gêneros literários, linguística e variação linguística;. Esta última exige do candidato bom entendimento sobre as influências socioculturais no uso do português.


Ela foi buscar exemplo concreto no Enem de 2009, quando foi usado o texto de ;Cuitelinho;, canção do folclore do Mato Grosso registrada por grandes nomes da música brasileira, como Pena Branca & Xavantinho e Milton Nascimento. ;Mostra o regionalismo e o caipira. Valoriza os vários ;falares; da língua portuguesa, o português brasileiro e a capacidade de comunicação.;


Desse modo, não existe correto e incorreto, é verdade, mas certamente existe o que não é adequado. ;Eu tenho uma roupa certa para ir à missa, não vou de chinela porque não é o momento. A mesma coisa vale para a língua. Vamos à escola para aprender a norma culta. Mas, na vida, vamos nos adaptando à situação;, exemplifica. ;Nossa língua é uma adaptação, o que não nos livra de saber as regras;, sintetiza.


A sugestão é atenção na leitura, especialmente nos termos articuladores e nos fatores de coesão. ;Os pronomes são muito cobrados. No Enem, não se trata de uma gramática pura porque temos um país muito heterogêneo. A prova leva os candidatos à compreensão e decodificação da linguagem;, diz.


Gêneros textuais

Na elucidação de questões durante a live, a professora resolveu, por coincidência, outra que também era aberta por uma canção - ;Notícia de jornal;, de Chico Buarque, que emula um texto de noticiário. Ela consta no banco de questões do Correio desta semana (clique aqui e confira). ;Estamos discutindo gênero aqui. Na verdade, intergênero - quando um deles faz uso de outro. A intertextualidade enriquece a escrita e a comunicação;, disse. Chico fez do poema uma notícia.


No Enem, em diversas ocasiões os gêneros ; poético, jornalístico, publicitário, contos, crônicas, não textuais, entre outros ; se misturam interdisciplinarmente. Além disso, há grande volume deles por avaliação, mas sempre se prioriza formatos curtos ou recortes de trechos. ;Quando tem contos, são trechos deles, para que dê tempo dos alunos responderem tantas indagações.; Por essas e outras, a crônica é bastante cobrada. ;Elas são curtas, apresentam várias possibilidades e toma liberdades típicas do gênero poético.; Se ainda houver dificuldade de interpretação de algum gênero, ela sugere atenção especial aos créditos. ;As referências bibliográficas fazem intuir que qual tipo se trata;, explica.


A dica final é, ao contrário do que muitos acreditam, não deixar a redação para o fim. Ângela Miranda sugere que o candidato faça o primeiro rascunho do texto, parta para as questões que consegue responder e, feito isso, retorne para finalizar a escrita. Com o tempo que sobra, dedique-se ainda às questões que ficaram para trás. ;Circule as indagações que estão exigindo mais e, depois de tudo feito, volte a elas. Sinto que, muitas vezes, o candidato vai questão a questão, gastando tempo, e depois chega para a redação exausto.;