Jornal Correio Braziliense

Enem

Esforço em família

Apesar do longo tempo de duração das provas do Enem, algumas famílias fizeram questão de esperar do lado de fora até que o candidato saíssem da prova

O programa do final de semana da família Pinto foi aguardar Kamila, 18 anos, enquanto fazia as provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). "O apoio é fundamental nessas horas. Acredito que fazendo isso ela se sente mais protegida e segura", opina a mãe, Adriana, 42 anos. A filha mais velha Ludmilla, 21, também contou com esse apoio e garante que a ajudou. "Com certeza influenciou no meu desempenho. Eu me senti mais tranquila sabendo que eles estavam por perto", afirma. Atualmente ela faz direito na em uma faculdade particular, com bolsa conquistada pela nota do Enem. Parados em frente ao local de prova, um colégio na Asa Sul, eles revezam as atividades para passar o tempo. A filha mais nova Kalila e o pai da família Ludmaks, aproveitam o carro para tirar um cochilo. Ludimilla aproveita o tempo estudando e Adriana espera Kamila cuidando do mascote da família, o shitzu Cadú. "Ele veio também para não ficar estressado. Além disso, ele fica doido quando vê a Kamila chegando", fala Adriana. No mesmo estacionamento, os pais de Jéssica Ramos aguardavam ansiosos a saída da filha. Ivone Ramos, 40 anos, e Silvano Francisco, 46, acreditam que o esforço vale a pena porque a filha é dedicada. "Ela é muito interessada e dedicada. Vale a pena esperar", declara o mestre de obras e pai coruja Silvano. "A gente aguarda aqui porque moramos longe, em Samambaia, aí não compensa ir e voltar", explica a dona de casa Ivone. "Eu acredito que a nossa espera também incentiva a Jéssica. Quando ela sai, já sabe que estamos esperando com um lanchinho gostoso", afirma. Jéssica faz o Enem para conquistar vaga em uma faculdade de medicina. A doméstica Maria Antônia Gonçalves, 63 anos, saiu de ônibus de Valparaíso para levar a neta Carla Raiara, 16, para a prova. Ela esperou um tempo a neta na casa de uma amiga na Asa Sul, mas, quando retornou ao colégio, Carla ainda não tinha saído. Maria não se importa com o esforço. "Acho que ficar por perto faz a diferença sim porque ela se sente mais segura. Acho quando é para o bem deles (netos), todos devem fazer sacrifícios", opina. Há três anos a assistente administrativa Arlinda Doudement, 46 anos, aguarda pacientemente a filha Juliana, 17. "Desde quando ela fez a primeira etapa do Programa de Avaliação Seriada (PAS), eu espero do lado de fora. Não me importo de fazer isso. Na verdade, tenho prazer. Acredito que ficando aqui posso passar energia positiva para ela", defende. Arlinda está confiante no resultado da filha "Confio nela, mas não gosto de pressionar. Caso não consiga a pontuação, ela é nova e tem muito tempo pela frente", conta. Juliana faz o 3° ano no colégio Centro Educacional Maria Auxiliadora (CEMA) e quer fazer gestão de políticas públicas na UnB. "Não me canso", afirma a consultora de cosméticos Suely Castro, 50 anos. Ela esperava do lado de fora em colégio da 914 Norte a filha de 17 anos que faz o Enem pela primeira vez. "Fico orando e abençoado ela daqui", justifica a espera. Suely leva consigo o filho Josué Castro, 11. "Eu ensino a eles que somos uma família e que devemos participar dos momentos importantes um dos outros", diz. "Acredito que vendo a irmã buscar uma faculdade ele se sinta estimulado a fazer o mesmo", afirma. Josué acompanha a mãe desde o ano passado, quando esperou a irmã sair da prova do PAS. "De vez em quando é cansativo", opina. Apesar disso, vê sentido na espera. "Acho importante dar apoio a ela". afirma. Para passar o tempo, os dois fazem pulseiras com elásticos.