A União Europeia (UE) anunciou, no início da madrugada de hoje, em Bruxelas, um acordo histórico para diminuir em 40% as emissões dos gases de efeito estufa até 2030. Os 28 chefes de Estado e de governo venceram divergências e também alcançaram um consenso sobre duas outras metas: estabelecer a cota de energias renováveis em 27% do consumo e em 27% de economia de energia ; este último objetivo não será obrigatório. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, confirmou o avanço em sua conta no Twitter. ;Acordo! Pelo menos 40% das emissões cortadas até 2030. Acordo do Conselho Europeu para a política energética e climática mais ambiciosa do mundo!”, escreveu. ;É uma boa notícia para o clima, para a saúde dos cidadãos, para as negociações internacionais sobre o clima em Paris, em 2015, para os empregos sustentáveis e para a segurança energética;, acrescentou. Em dezembro, a capital francesa vai sediar uma conferência das Nações Unidas, na qual se espera que uma nova ordem da política climática mundial pós-2020 seja traçada.
Poucos minutos depois, Van Rompuy divulgou um comunicado oficial no qual afirmou que a decisão de hoje vai permitir à UE enviar uma mensagem de compromisso às negociações internacionais sobre o clima. ;Isso (o acordo) vai ajudar a proteger a competitividade de nossas indústrias, a proteger os empregos europeus. A redução das emissões pode ser menos onerosa em alguns lugares do que em outros;, admitiu, ao lembrar que a crise na Ucrânia e a instabilidade no Oriente Médio tornam vital a redução da dependência energética da Europa.
Van Rompuy explicou que, além do compromisso com a diminuição em 40% das emissões até 2030, o pacto estabelece mais duas metas: a transformação de 27% da energia total consumida no bloco em matriz limpa; e a ampliação no mesmo percentual da eficiência energética, o que deve refletir na eliminação de gastos e na economia. O reforço das ;interconexões; elétricas também foi motivo de concordância, após um lobby de Espanha e de Portugal. O acordo causou surpresa depois que a chanceler alemã, Angela Merkel, tinha demonstrado ceticismo com um resultado positivo. ;As negociações não serão fáceis e não posso dizer se teremos um resultado;, declarou. Por sua vez, o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, chegou a dizer que as posições estavam ;muito distanciadas;.
;Apesar de muito importante, infelizmente o acordo não é bom o suficiente;, afirmou ao Correio, por telefone, Tara Connolly, conselheira política para a área de energia da organização não-governamental Greenpeace na Europa. Segundo ela, os ambientalistas esperavam resoluções bem melhores. ;Nós esperávamos que a meta de redução de emissões chegasse a 50%. Os 40% não são suficientes. Além disso, 80% das emissões de gás carbônico vêm dos fatores de gerenciamento de carbono. Seriam necessárias políticas energéticas bastante contundentes;, explicou.
As bases do pacto
Saiba o que os líderes da União Europeia decidiram
durante o encontro em Bruxelas:
; Os líderes concordaram com três metas climáticas e energéticas para 2020: uma redução de ;pelo menos; 40% na redução das emissões de gases do efeito estufa dentro da União Europeia (UE), em comparação aos níveis de 1990; uma cota obrigatória de pelo menos 27% de energia renovável no mix energético da UE; e uma meta indicativa de ao menos 27% de economia de energia, que poderia ser aumentada para 30% após uma revisão em 2020.
; Para os países de baixa renda, como a Polônia, o acordo inclui mecanismos
para apoiar investimentos na ;modernização da energia e na eficiência energética;. Sob as políticas atuais, esses fundos têm sido mal utilizados para apoiar fábricas de carvão.
; Várias indústrias vão continuar a receber licenças gratuitas de emissão de carbono, mas os detalhes sobre o funcionamento do mercado de carbono não serão divulgados até que a legislação esteja pronta, em 2015.
; Os líderes também adotaram uma meta para ampliar as interligações entre os mercados de energia da Europa em 15% até 2030.
Tuitada
;Acordo! Pelo menos 40% das emissões cortadas até 2030. Acordo do Conselho Europeu para a política energética e climática mais ambiciosa do mundo!”
Herman Van Rompuy,
presidente do Conselho Europeu