Jornal Correio Braziliense

Ser Sustentável

Arquitetura social

Em palestra ministrada em São Paulo, arquiteto apresenta técnica de habitação temporária desenvolvida para abrigar populações afetadas por eventos climáticos extremos. Modelo já foi utilizado em Ruanda e na China

Tragédias climáticas como grandes enchentes e ondas de frio extremas e que causam graves crises humanitárias são o gancho do trabalho desenvolvido pelo arquiteto japonês Shigeru Ban. Especialista em projetos de moradia para populações em crise humanitária ele já foi homenageado com diversos prêmios, entre eles o Pritzker no ano passado, considerado o Nobel da arquitetura. Com projetos da vertente conhecida como arquitetura provisória construídos ao redor do globo, Shigeru está no Brasil esta semana para participar do Arq.Futuro, evento anual que promove o debate arquitetônico entre palestrantes de todo o mundo. Durante sua palestra, apresentada esta semana no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, o arquiteto falou sobre as possibilidades de uso da técnica que desenvolveu ao longo dos anos para construir habitações para receber pessoas desabrigadas por eventos climáticos extremos como enchentes, furacões e tornados. Segundo Shigeru, muitas vezes as residências chamadas de temporárias podem se tornar residências permanentes. O arquiteto explicou que após experimentar à exaustão o uso de tubos de papelão (como os de bobinas de tecidos) nesse tipo de moradia, Shigeru percebeu que a arquitetura provisória pode se tornar permanente. A técnica, apesar de estar enquadrada na vertente de arquitetura temporária já é usada em vários países em desenvolvimento como moradias definitivas. Diversos projetos do japonês, elaborados para durar pouco, estão em pé até hoje, como as escolas de papelão de Shengdu, na China, erguidas em 2008 após um terremoto. %u201CMesmo um prédio de concreto pode ser temporário se as pessoas não gostarem dele. Arquitetura permanente é a que as pessoas gostam", disse durante o evento.