O novo estilo de vida influenciou inclusive as relações pessoais. A esposa de Lourenço, Ronieli Barbosa, 33, teve que aceitar a ideia de se locomover apenas de bicicleta, mas não reclama da opção feita. ;Fui me adaptando aos poucos a fazer as coisas sem carro e com ele [Uirá] descobri como podia ser prazeroso fazer isso ao ar livre;, lembra. Apesar da pouca idade, os filhos do casal, Cauã Lourenço, 6, e Iuri Lourenço, 4, também não escaparam da decisão do pai e experimentaram o novo ritmo de vida.
Na contramão da praticidade e do conforto diários em andar de bicicleta, Lourenço e Ronieli criticam a forma como o meio de transporte é tratado no Brasil e, principalmente, em Brasília. Na capital do país existem 262km de ciclovias e ciclofaixas construídas ; número proporcionalmente mais expressivo se comparado com os 259km em São Paulo, e os 250km no Rio de Janeiro ;, mas segundo Lourenço, ;elas são mal sinalizadas, muitas estão esburacadas e não têm um percurso coerente. Às vezes, você está pedalando e a ciclovia acaba no meio do nada, no mato;.
Exemplo
Além dos problemas de infraestrutura, a falta de respeito dos motoristas de ônibus e de carro para com os ciclistas coloca em xeque a segurança dos usuários. Sempre munidos de capacete e sinalização nas bicicletas, a família já passou por situações de perigo enquanto pedalava. ;Uma vez, estávamos passeando com as crianças de noite e, por conta da má iluminação da rua, o carro quase atropelou nós quatro;, conta Lourenço. Para Ronieli é preciso que as pessoas entendam que a magrela é mais um meio de transporte e que, a partir disto, respeitem ela como se respeita um automóvel.
Fazendo um comparativo com a realidade do transporte alternativo na Europa, para o casal, o Brasil ainda tem muito o que melhorar no setor. Além de não poluírem o meio ambiente, as bicicletas reduzem os custos com locomoção. ;Isso me da mais tempo para ficar com os meus filhos. A gente não gasta com combustível, manutenção de carro e nem academia, porque o exercício é constante;, comentam Lourenço e Ronieli.
Lourenço passou uma temporada em países como Alemanha e Suíça e lembram dos costumes europeus de usar a bike para todas as atividades do dia a dia. ;Aqui em casa, fazemos desde as compras de supermercado até deixar os meninos na escola, tudo em cima das bicicletas. E na Europa também é assim. É incrível como você vê desde crianças até velhinhos com 80 anos andando por todas as ruas das cidades de lá;.
Ciclovias pelo mundo
Bogotá, Colômbia: 344km
Buenos Aires, Argentina: 70km
Berlim, Alemanha: 650km
Nova York, Estados Unidos: 400km
Paris, França: 371km
Copenhague, Dinamarca: 350km
Munique, Alemanha: 1,2 mil km
Tóquio, Japão: 126km