Maria de Jesus, conhecida como dona Isaína, é a mais antiga catadora no Lixão da Estrutural. Aos 81 anos, trabalha há 45 no lugar e com a renda da coleta criou três filhos. Com vigor de uma mulher de 50 anos ou menos, ela sorri entre o cenário sujo, ao qual acostumou-se. ;Antigamente, o lixo era mais limpo; hoje é uma nojeira, tem de tudo;, conta.
Não há catador que não conheça essa baiana de 1,70m de altura e 50kg, que faz questão de dizer que ;o coração está batendo muito bem;. O sonho é instalar um piso de cerâmica na casa que conseguiu com o trabalho no lixo. ;E, quem sabe, as portas também, né?; Ela deixa um recado, em nome da classe: ;Não somos mendigos, somos trabalhadores;.
Em 1994, ela estava lá sob as lentes da repórter fotográfica Tina Coêlho para uma reportagem do Correio. Duas décadas depois, as duas se reencontram. Desta vez, em um registro histórico: o encerramento do Lixão da Estrutural, ativo por 50 anos no DF. O momento foi marcado por poses, bom humor e esperança de que a situação de dona Isaína esteja melhor no próximo encontro. (VM)