A secretária da convenção sobre mudanças climáticas reconheceu a dificuldade de se chegar a um novo acordo sobre clima a partir de 2015, quando a expectativa é de que todos os países, ricos e pobres, assumam compromissos obrigatórios de redução de emissões, diferentemente do Protocolo de Quioto, em que apenas as nações desenvolvidas tinham metas vinculantes.
Christiana Figueres avaliou, no entanto, que as negociações estão caminhando bem, no sentido de um documento de abrangência universal, mas respeitando as responsabilidades diferenciadas de países desenvolvidos e em desenvolvimento no processo de alteração climática. Ela veio ao Brasil uma semana após o encerramento, em Bonn, na Alemanha, de mais uma etapa de negociações para a Conferência do Clima, marcada para novembro, em Varsóvia, na Polônia.
Grandes emissores
Autor do pedido para a realização da audiência, o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) entende que somente o sistema ONU não será capaz de construir um compromisso com a abrangência necessária. "O problema da ONU é que as decisões são tomadas por consenso e na Conferência do Clima é preciso haver o consenso de 193 países. Esse processo tem que avançar até o ponto em que puder avançar e, daí para frente, precisa ser complementado pela discussão da questão climática num fórum mais restrito de países grandes emissores. Só Estados Unidos e China são responsáveis por 40% das emissões. É importante trazer a agenda climática para o G-20, para o Conselho de Segurança das Nações Unidas, para a Organização Mundial de Comércio", afirmou.
Para o relator da Comissão Mista de Mudanças Climáticas, deputado Sarney Filho (PV-MA), é preciso também ampliar a cobertura da imprensa sobre o tema, de forma a aumentar a consciência social sobre a necessidade de uma mudança no modelo de desenvolvimento atual.