Jornal Correio Braziliense

Rio mais 20

Protesto encerra apresentação do Brasil sobre desmatamento florestal

Rio de Janeiro ; A apresentação do Brasil, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio;20, sobre os avanços obtidos pelo governo no combate ao desmatamento, terminou nesta quinta-feira (21/6) em protesto e discussão entre ambientalistas e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

O encontro contou com a presença de ministros estrangeiros da área ambiental e tinha o objetivo de mostrar a experiência do país na redução à derrubada de florestas. Mas os debates foram interrompidos por um grupo de ambientalistas segurando cartazes contra o Código Florestal e protestando contra as ações do governo na área, inclusive a liberação de grandes obras, como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

A segurança da Rio;20 e a polícia da ONU foram chamadas para controlar o tumulto, mas acabaram impedidas pela ministra de retirar os manifestantes da sala. Izabella deu a palavra para os integrantes dos movimentos ambientais, mas terminou se irritando quando eles se recusaram a parar de falar. A ministra subiu o tom da voz e disse que, na verdade, o governo e a sociedade civil estavam do mesmo lado e que precisavam unir forças. A plateia dividiu-se entre vaias e aplausos.

;Isto aqui é um espaço democrático. Por isso vocês interromperam a reunião e se pronunciaram. Não há nenhuma restrição, mas sempre há mais de uma posição a ser dita;, disse a ministra, que garantiu que atualmente a taxa de desmatamento do país é a menor dos últimos anos.

;No Código Florestal, realmente a luta não acabou. Mas vamos ter que ir para o Congresso Nacional, um espaço democrático da sociedade brasileira, defender os nossos interesses. E eu gostaria que os ambientalistas elegessem mais deputados e senadores ambientalistas;, disse Izabella.

Sobre a construção da usina de Belo Monte, ela disse que não era sua a responsabilidade pelo licenciamento da obra, que coube ao ex-ministro Carlos Minc. ;Fiquem juntos com o Ministério do Meio Ambiente. Não fiquem contra. Porque nós já somos muito poucos perante aqueles que não querem deixar a Amazônia em pé;, disse a ministra, encerrando o evento.

[SAIBAMAIS]A ambientalista Maíra Irigaray, do Movimento Xingu Vivo para Sempre, explicou o motivo do protesto. ;Temos tentado um diálogo aberto com o governo sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e sobre o retrocesso do Código Florestal, mas não existe um diálogo verdadeiro. Inúmeras vezes tentamos audiências, mas não fomos recebidos. As obras avançam sem nenhum monitoramento;, alegou Maíra.

Outra manifestante, Malu Ribeiro, da Fundação SOS Mata Atlântica, justificou o protesto dizendo que era preciso mostrar aos estrangeiros o que estava acontecendo no Brasil. ;Mostrar aos presentes que a questão do Código Florestal, embora a ministra tenha dito que não acabou este jogo, faz o Brasil retroceder. Anunciam o pacto pelo desmatamento zero na Amazônia na mesma época em que sancionam um Código Florestal que permite a redução de áreas protegidas e consolida as ocupações da soja e do gado na bacia Amazônica;, protestou a ambientalista.

Apesar de o tumulto ter encerrado prematuramente o debate, ninguém foi detido pela segurança da Rio;20.