Rio de Janeiro - O Brasil proporá diante da Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio%2b20 a elaboração de uma agenda de proteção socioambiental onde se conjugue o combate à pobreza ao cuidado ambiental, afirmou nesta segunda-feira (4/6) a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
"O único caminho para se alcançar um desenvolvimento duradouro e sustentável é casar a agenda ambiental com a agenda social", afirmou a ministra durante entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros.
A proposta brasileira, explicou, consiste na criação de um compromisso internacional em torno de um Piso de Proteção Socioambiental, que aliaria medidas de redução da pobreza às de proteção ambiental.
A ideia, que tem despertado muito interesse internacional e já recebeu o apoio de países como Etiópia, Índia e África do Sul, foi incorporada ao texto que será debatido por chefes de Estado durante a Rio%2b20, entre 20 e 22 de junho. A expectativa é abrir a discussão sobre este conceito e vê-lo incorporado no texto final da conferência, que se inicia em 13 de junho com reuniões antes do encontro de líderes.
Segundo a ministra, uma agenda enfocada apenas em assuntos ambientais exclui aspectos sociais importantes, como o desemprego. "Ao mesmo tempo, eu posso fazer uma discussão social pura, onde eu resolva incluir milhões, distribuir renda e fazer isso destruindo mais e mais o meio ambiente. Nenhuma dessas duas vertentes se sustenta no tempo", acrescentou.
De acordo com Campelo, a inspiração para o Piso Socioambiental foi o Bolsa Verde, programa do governo federal em vigor desde outubro de 2011, que visa a incentivar a preservação dos ecossistemas, com o repasse trimestral de R$ 300 a famílias em situação de extrema pobreza que desenvolvam atividades de preservação.
Atualmente recebem o Bolsa Verde 23 mil famílias e o estado do Pará, em plena floresta amazônica, concentra os pagamentos. Mas a idéia, segundo Tereza Campello, é ampliá-lo para a todo o território nacional.
O programa faz parte do plano Brasil sem Miséria, vinculado ao Bolsa Família, e que visa a eliminar, até 2014, a extrema pobreza no país. O plano, que fez o primeiro aniversário no último dia 2, conta com orçamento de R$ 20 bilhões ao ano.
Durante os oito anos de mandato de Lula, cerca de 30 milhões de pessoas saíram da pobreza, em um país com 191 milhões de habitantes.