Bonn - Cientistas climáticos alertaram nesta quinta-feira que o planeta poderá aquecer mais de 3,5 graus Celsius, aumentando o risco de seca, cheias e de elevação do nível dos mares.
A meta da ONU é limitar o aquecimento a 2;C com base nos níveis pré-industriais para restringir as mudanças climáticas a algo manejável.
Em um relatório divulgado no penúltimo dia das novas negociações climáticas da ONU em Bonn, na Alemanha, cientistas afirmaram que a elevação da temperatura média global poderia exceder perigosamente os 3,5;C estabelecidos apenas seis meses atrás.
Marion Vieweg, pesquisadora de políticas da empresa alemã Climate Analytics, disse à AFP que a estimativa de 3,5;C se baseou na suposição de que todos os países cumprirão seus objetivos, eles próprios inadequados, para reduzir as emissões de gases causadores de efeito estufa.
Novas pesquisas demonstraram que esta não é "uma suposição realista", afirmou, acrescentando que atualmente "não podemos quantificar ainda quanto acima" de 3,5; C a Terra esquentará.
A ferramenta de monitoração é chamada Rastreador de Ação Climática Climate Action (CAT, na sigla em inglês), um projeto conjunto de Climate Analytics, of Ecofys e Instituto Postdam de Pesquisa de Impacto Climático, na Alemanha.
Seu colega, Bill Hare, afirmou que o abismo entre as intervenções prometidas pelos países e a realidade estava "ficando maior".
As projeções são para um excesso de emissões de gases estufa entre 9 e 11 bilhões de toneladas ao ano acima do teto atual, de 44 bilhões de toneladas, necessário até 2020 para se cumprir a meta de 2;C.
Até o momento, o mundo emite cerca de 48 bilhões de toneladas destes gases, que incluem dióxido de carbono e metano.
Os Estados Unidos respondem por 6 bilhões de toneladas, a China por 7 e a União Europeia (UE), por 5, destacou a CAT.
As 195 partes da Convenção-quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) reúnem-se na antiga capital da Alemanha Ocidental pela primeira vez desde que concordaram em desenhar um novo pacto global, durante a cúpula de Durban, na África do Sul, em dezembro passado.
O acordo seria concluído em 2015 para entrar em vigor em 2020.