Bom texto, elenco de primeira, uma trama nada convencional, além de direção e fotografia cinematográficas, explicam por que o país vai parar na noite de hoje em frente à TV, segundo especialistas. Eles refutam, no entanto, a ideia de que mobilização em torno da novela sinalize um baixo nível cultural da população, como apontam os menos afeitos à teledramaturgia. ;Isso é um reducionismo de quem, por ter algum nível intelectual desenvolvido, se julga acima de todos. Temos de levar em conta que a cultura oral é prevalente no Brasil. E a novela tem o propósito de entretenimento, embora possa vir a ser usada para educar também;, afirma Nélia Rodrigues Del Bianco, doutora em comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da Universidade de Brasília no Departamento de Audiovisuais e Publicidade.
Para Nilson Xavier, autor do Almanaque da telenovela brasileira, desqualificar a novela como um produto menor é parte de um ranço antigo, mas superado. ;A telenovela é objeto de estudo, há um núcleo da USP que se dedica a isso. O nível de produção e de atores que temos não deve ser desconsiderado;, afirma Xavier. Para ele, Avenida Brasil rompe os folhetins tradicionais por trazer personagens mais humanas e um eixo diferente para a história. ;Não transcorre calcada no amor, e sim na vingança. Sem contar que elimina o totalmente bom ou o totalmente mau. Temos uma mocinha torta, por exemplo, que para se vingar usa de expedientes questionáveis. Sem falar nos ganchos diários, que traz uma agilidade semelhante ao seriado americano.;