Uma faceta nada glamourosa do esporte mais popular do Brasil tem sido mostrada pelo Correio desde a última sexta-feira. A série de reportagens Quando a infância perde o jogo, produzida em nove cidades de três regiões, revelou um drama silencioso no país do futebol: o abuso e a exploração sexual de meninos dentro de escolinhas, das mais precárias às particulares, e até em categorias de base de grandes times.
Envergonhadas e com medo de perderem a chance de fazer carreira em um clube famoso, as vítimas silenciam. Muitas só revelam a violência porque contraíram alguma doença grave ou quando o abusador acabou preso. Caso de Henrique (nome fictício), morador de Campo Grande (MS), que só falou para a mãe o que ocorria depois dos treinos, quando tinha entre 7 e 8 anos, depois que o professor da escolinha do bairro foi detido em flagrante.
Essas e outras tristes histórias ilustraram a série, que também se baseou em documentos oficiais, como inquéritos policiais e processos judiciais, para tentar dimensionar o problema. A falta de dados oficiais sobre o tema é absoluta. Mas não os relatos de meninos que tiveram sua intimidade violada. A despeito do sofrimento dos garotos e seus familiares, faltam políticas para combater a violência e amparar as vítimas, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).