O mundo mudou: a sociedade contemporânea tem outras demandas, novas vontades e diferentes questões para enfrentar. Essa constatação faz com que todos os elementos sociais (política, economia, meio ambiente etc.) sejam repensados e reestruturados. A vice-presidente do grupo internacional Global Urban Development, Emília Queiroga Barros, defende que a educação também faça parte dessa transição. É preciso, pois, enfrentar os desafios de melhorar todo o sistema de ensino.
Com uma visão mais holística do processo educacional do país, a especialista entende que o mundo passa por um momento de ruptura e que a educação é um dos principais pontos de todo esse processo. ;A educação é uma das caixas-pretas do desenvolvimento que precisamos ter coragem de abrir. É preciso romper com o modelo atual, temos que colocar nosso olhar na direção da inovação, do futuro.;
Queiroga analisa que o sistema de ensino de hoje é baseado nos modelos da sociedade industrial e já não consegue mais atender às necessidades das pessoas. ;Nossa educação é baseada na fragmentação do conhecimento, o que resulta em uma sociedade que não sabe integrar as diversas áreas do saber. Agora precisamos aprender a convergir, a juntar todas as habilidades dos seres humanos;, salientou.
De acordo com a especialista, pesquisas feitas em instituições de ensino da Noruega mostraram que a metodologia pedagógica tem impacto direto na saúde das pessoas. Apoiada em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), ela indica que o índice de crianças estressadas não para de subir, colocando o Brasil na 5; posição do ranking. Queiroga argumenta que as escolas insistem em uma overdose de intelectualidade, enquanto deveriam buscar formar cidadãos mais maduros, capazes de lidar com o conhecimento. ;De que adianta saber quem foi Einstein se não sabemos aplicar seus ensinamentos.;, citou.
Apesar dos problemas encontrados, Queiroga é otimista em relação ao futuro do Brasil na área. Afinal, o país apresenta elementos importantes para se tornar um modelo na área de educação e inovação. A especialista fala da diversidade cultural e do material humano tupiniquim, composto de pessoas capacitadas e com pensamentos inovadores.
Integração
Mesmo com a grande quantidade de conhecimento produzido e espalhado em bibliotecas e na internet, poucas ações foram feitas para aplicar a teoria. ;O debate é importante, mas é chegada a hora de agir, de colocar a mão na massa, de tornar tudo isso concreto. Não adianta gerar tanto conteúdo se não investirmos na consciência de quem vai usá-los;, enfatizou.
A especialista explica que a mudança no sistema educacional afeta positivamente áreas diversas como a economia, a saúde, a tecnologia e a justiça social. ;Por isso precisamos pensar a educação de forma convergente. A escola deve formar a cabeça dos nossos filhos, torná-los cidadãos. É preciso inovar, construir novas formas de ensinar.;
;As pessoas só são desenvolvidas mental e intelectualmente. Todas as outras faculdades são ignoradas. No entanto, a sociedade e o mercado de trabalho exigem conhecimentos cada vez mais diferenciados. Dados mostram que as crianças entram com 98% de potencial criativo nas escolas e saem com apenas 2%. Enquanto isso a economia da criatividade é um dos polos de emprego em expansão;, argumentou. Para se chegar a esses novos conteúdos, Queiroga apontou um caminho que passa por três eixos principais: a manutenção do conteúdo atual, aproveitando-se do que há de importante; a inserção de atividades de transição e, por fim, investimentos em políticas de inovação na área de educação.